No Palácio do Planalto, há um otimismo cauteloso em relação a 2014.

Considera-se que será um ano difícil, mas um grande ano para o governo, no qual o governo Dilma Rousseff terá muitas obras a entregar.

O discurso de Dilma Rousseff será do tipo “nós recebemos seu dinheiro, na forma de impostos, e agora vamos explicar o que fizemos com ele”. Será uma prestação de contas.

A vitrine do governo serão os seguintes programas:

1.    800 mil casas a serem entregues pelo programa Minha Casa Minha Vida

2.    Os 4 milhões de formandos no Pronatec (Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego).

3.    Os 13 mil médicos do Mais Médicos.

4.    Investimentos já definidos de R$ 15 bi em metrô, canaletas expressas e outras melhorias para as grandes cidades.

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Na relação de preocupações, a primeira é a perspectiva de rebaixamento do país no rating das agências de risco. Considera-se, lá, que se houver alguma modificação, será no primeiro semestre. Nenhuma agência de risco derrubaria o rating em agosto, em pleno processo eleitoral.

O segundo fator de preocupação são as possíveis manifestações contra a Copa do Mundo. Não deverão ter a abrangência das manifestações de junho de 2013. Aquelas refletiam um sentimento difuso de insatisfação com o país, envolvendo todos os níveis de governança – incluindo a mídia. Na Copa, as manifestações serão de adversários políticos, com menor número, mas dispostos a colocar combustível na fogueira.

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A terceira preocupação é com as eleições propriamente ditas.

Dilma pretende adiar o máximo possível sua entrada no jogo político. Até onde der, pretende se comportar exclusivamente como presidente, sem responder a ataques ou entrar no bate-boca de campanha.

Seu favoritismo é amplo, mas sabe-se que toda campanha comporta oscilações e surpresas.

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O Planalto acompanha com atenção os movimentos da oposição, especialmente da mídia e de São Paulo.

Considera-se que, com o fracasso do partido de Marina, a mídia de São Paulo ficou órfã. Marina seria a candidata perfeita por ter entregue a questão econômica para o mercado financeiro e dispor de um discurso eficiente para os eleitores e conservador nos costumes. Com ela de vice, a chapa com Eduardo Campos perde consistência.

Como política, Marina é figura complexa, de difícil relacionamento e pouquíssimo jogo de cintura, que acabará por inviabilizar qualquer aliança mais expressiva de Eduardo Campos em São Paulo. E ninguém leva a presidência se não sair com boa base de votos em São Paulo e Minas. Lula e Dilma foram derrotados em São Paulo  nas últimas eleições, mas saíram com mais de 40% dos votos.

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Outro ponto de dificuldade da oposição será com o financiamento de campanha. Em 2010 as empresas estavam em melhor situação do que agora e os maiores grupos dividiam-se entre os candidatos. Com a redução das margens de lucro, vão apostar só em cavalos certos. No caso da oposição, só lá para junho abrirão os cofres para algum candidato.

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Além disso, o PSDB parece não dispor de uma estrutura financeira para bancar os jornais, como em campanhas anteriores. Por isso, é mais provável que concentrem-se nas campanhas estaduais, em vez de gastar energia com a federal.

Publicado em Carta Capital