“A presidente Dilma esteve em Cuba e não quis fazer nenhum gesto em defesa dos direitos humanos na ilha… Note-se que pouco antes da visita morrera um prisioneiro político cubano que fazia greve de fome. Infelizmente, apesar das promessas de mudança, em matéria de direitos humanos o atual governo manteve-se na linha do anterior, de aliança fraterna com ditaduras e ditadores”.

A farsa desmascarada

O tal “prisioneiro político” a que Serra se refere é Wilman Villar, falecido poucos dias antes da chegada da presidenta brasileira à ilha. Na verdade, esse cubano, detido em julho de 2011, nunca foi preso por motivos políticos ou por ser mais um “dissidente” apoiado pelos EUA e pela máfia de gusanos (vermes) de Miami. A própria mídia imperial sabe disso, tanto que recuou no factóide.

Segundo a Associated Press, até “a viúva do cubano morto depois de uma suposta (sic) greve de fome em prisão reconheceu que os problemas legais de seu marido começaram após um incidente doméstico… Maritza Pelegrino disse que seu esposo, o falecido Wilman Villar, foi preso depois que sua própria mãe alertou os vizinhos e a polícia em julho de 2011 por uma disputa conjugal”.

Oportunismo dos “dissidentes”

Em entrevista à imprensa internacional, a viúva, que reside em Cuba e hoje é paparicada por grupos dissidentes, bem que tentou se aproveitar do minuto de fama. Afirmou que, depois de preso, Villar virou um ativo oposicionista do regime cubano. Estranho! Afirmou, também, que a briga com o marido “não foi tão séria”. Será, então, que a sua mãe é que uma agente “castrista”?

Villar faleceu em 19 de janeiro depois de passar uma semana internado num hospital da cidade de Santiago, a 800 quilômetros de Havana. Segundo o governo, ele nunca fez greve de fome e faleceu por problemas respiratórios. Ele foi condenado a quatro anos de prisão por agredir violentamente a sua esposa e por resistir à ordem de prisão. Ele nunca teve qualquer militância política.

Tucano vira papagaio dos EUA

Segundo a agora também “dissidente” Maritza Pelegrino, até ser preso, aos 31 anos, “ele não havia realizado atividades políticas opositoras e trabalhava como carpinteiro”. Sua “militância” só teve início após a condenação judicial, a partir das visitas de grupos dissidentes ao presídio. Em outras palavras, eles “adotaram” um preso comum por motivos políticos. Puro oportunismo!

O mesmo oportunismo que leva o tucano José Serra, novo ícone da direita nativa, a mentir para fazer oposição à política externa do governo brasileiro. No mesmo artigo, o candidato derrotado do PSDB também faz altos elogios à política de direitos humanos do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter. Mas não fala uma vírgula sobre as aberrações patrocinadas pelo império.

Ele não menciona as cruéis torturas executadas na base militar ianque de Guantánamo e amplamente documentadas. Não critica a política expansionista e genocida dos EUA no Iraque, Afeganistão e outras partes do mundo. Não cita sequer as recentes prisões de centenas de estadunidenses que participam do movimento “Ocupe Wall Street”. Serra ama os EUA e detesta Cuba!

Sobre direitos humanos, o tucano Serra cumpre o papel ridículo de papagaio dos EUA. Para ele, é bem apropriado o editorial do jornal “Granma”, traduzido pelo amigo Max Altman. “É impressionante a hipocrisia dos porta-vozes dos Estados Unidos, país que ostenta um pobre recorde em matéria de direitos humanos, tanto dentro de seu território como no mundo”. Vale citar alguns trechos:

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O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas reconheceu que nesse país ocorrem diariamente graves violações em matéria dos direitos da mulher, o tráfico de pessoas, a discriminação racial e contra minorias étnicas, as condições inumanas nas prisões, o desamparo dos reclusos, um padrão racial diferenciado e os freqüentes erros judiciais na imposição da pena de morte, a execução de menores e enfermos mentais, os abusos do sistema de detenção migratório, as mortes na militarizada fronteira sul, os atos atrozes contra a dignidade humana e os assassinatos de vítimas inocentes da população civil por parte dos efetivos do exército estadunidense no Iraque, Afeganistão, Paquistão e outros países, e as detenções arbitrárias e torturas perpetradas no ilegal centro de detenção da Base Naval de Guantánamo que usurpa nosso território.

O mundo acaba de saber que em novembro de 2011 três pessoas nos Estados Unidos morreram em meio a uma greve de fome maciça de prisioneiros na Califórnia. Segundo os testemunhos dos presos alojados em celas vizinhas, os guardas não lhes ofereceram qualquer assistência e inclusive ignoraram deliberadamente seus gritos de auxílio, diferentemente de sua prática de submeter os grevistas à alimentação forçada. Semanas antes, havia sido executado o afro-americano Troy Davis apesar da copiosa evidência que demonstrava o erro judicial, sem que a Casa Branca nem o Departamento de Estado fizessem algo.

Nos Estados Unidos, 90 prisioneiros foram executados desde janeiro de 2010 até os nossos dias, enquanto outros 3.222 réus esperam a execução no ‘corredor da morte’. Seu governo reprime assiduamente com brutalidade aqueles que se atrevem a denunciar a injustiça do sistema.

(…)

Os fatos falam mais que as palavras. As campanhas anticubanas não causarão estragos na revolução cubana nem em seu povo, que continuará aperfeiçoando seu socialismo.

A verdade de Cuba é a do país onde o ser humano é o mais valioso: uma esperança de vida ao nascer de 77.9 anos em média; uma cobertura de saúde gratuita para todo seu povo; um índice de mortalidade infantil de 4.9 por cada mil nascidos vivos, cifra que supera os padrões norte-americanos e é a mais baixa do continente, ligeiramente inferior a do Canadá; toda uma população alfabetizada e com pleno acesso a todos os níveis de educação de maneira gratuita; 96% de participação nas eleições gerais de 2008, um processo democrático de discussão das linhas gerais econômicas e sociais, previamente ao VI Congresso do Partido.

A verdade de Cuba é a do país que levou suas universidades e escolas aos centros penitenciários, em que os reclusos foram oportuna e imparcialmente julgados, recebem salário igual por seu trabalho e dispõem de elevados níveis de atenção médica sem distinção de raça, sexo, credo nem origem social.

Ficará outra vez demonstrado que a mentira, por muitas vezes que se a repita, não necessariamente se converte em verdade, porque “um princípio justo, desde o fundo de uma cova, pode mais que um exército”.

Fonte: Blog do Miro