Eu já conhecia Orlando da militância no PCdoB, e quando cheguei ao DCE da UFBa, o cara já estava na UNE, e logo se consagraria como o primeiro negro a ser presidente de uma das maiores instituições dos movimentos sociais do Brasil. Sempre que o encontrava, em Salvador, ele fazia questão de me perguntar da sua antiga amiga.

Pois bem, o jovem Orlando tornou-se ministro do Esporte, mas não apenas isso: o maior ministro do Esporte que esse país já teve. Organizou o vitorioso Pan do Rio, trouxe para o Brasil a Copa do Mundo e a Olimpíada, e com isso vem mobilizando muitos recursos, gerando empregos e promovendo melhorias nas grandes cidades brasileiras. Além disso, promoveu importantes iniciativas, como o projeto Segundo Tempo, com investimentos nunca antes vistos no desenvolvimento esportivo nacional. E tem enfrentado com coragem esquemas poderosos e viciados como os do futebol, por exemplo.

Fico imaginando o quanto o sucesso desse menino preto, pobre e comunista pode impactar na cabeça dos conservadores. O temor da revolução haitiana deve ser um fantasma que habita no inconsciente desta elite branca.

Vendo suas representações políticas cada vez mais isoladas e perdendo espaço, estas elites há muito vêm se agarrando desesperadamente em práticas facistas de comunicação, se aproveitando do monopólio privado da mesma, especialmente na TV, de grandes revistas e jornais para, por meio de campanhas difamatórias, tentarem desestabilizar o governo, desde Lula, e agora, mais intensamente, Dilma.

Para mirar seus estilingues em Orlando, escolheram a Veja, um quase panfleto que é editado nos quintais das casas de tucanos, e cuja ausência de ética e credibilidade pública é notória; por isso mesmo, despudorada e ideal para emitir lixo em forma de reportagem, sem nenhuma limitação em fazê-lo. E como acusador, lá veio um tal João Dias, um policial militar que estranhamente possui um BMW, um Camaro, uma Frontier, uma mansão de R$ 2 milhões e 11 processos nas costas, e que com os holofotes do sucesso garantidos pela mídia golpista, declara: “Não sou bandido, sou polícia”.

Mas o que passou desapercebido polos manipuladores do PIG é que Orlando representa a tradição de noventa anos de lutas populares em defesa das mais avançadas bandeiras desta País. Como diz uma frase lançada na campanha em solidariedade ao ministro, são noventa anos e não noventa dias, esse Partido Comunista do Brasil.

Surpreendendo a todos, Orlando se apresentou imediatamente, e voluntariamente, ao Congresso Nacional, abriu o seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Solicitou que a Procuradoria Geral da República, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Comissão de Ética Pública da Presidência investiguem todas as denúncias de desvio de dinheiro público e corrupção, também se colocou à inteira disposição da Câmara, do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União para prestar todos os esclarecimentos necessários. É como disse a minha amiga Olivia Santana: "quem não deve, não teme".

Enquanto isso, o bandido posudo de acusador fugia de prestar depoimento à PF alegando problemas de saúde. No entanto, o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) pediu às comissões de Turismo e Desporto e de Fiscalização e Controle que encaminhem um ofício à Polícia Federal informando o comparecimento do mesmo João Dias a uma reunião no gabinete da liderança do PSDB, sem apresentar problema de saúde algum. O militar está envolvido num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo comandado pelo Ministério do Esporte.

Além disso, o militar anuncia ter provas do envolvimento de pessoas do ministério, mas não as apresenta. Protógenes cobrou que caso as ditas provas existam, elas precisam ser apresentadas rapidamente à Polícia Federal, instituição que tem a responsabilidade de investigar denúncias contra ministros de Estado e capacidade técnica para periciar provas.

Pois é, mexeram com o vespeiro errado, apoiados em uma bengala torta. Vendo a coragem e firmeza de Orlando, sinto um imenso orgulho de ser comunista, mas tenho certeza de que este ainda não alcança o tamanho do orgulho que Cacilda deve estar sentindo daquele seu velho amigo!

Ricardo Moreno é professor de História UNEB; doutorando em História UFF e editor da Revista Dialética (www.revistadialetica.com.br)