Fracassaram uma vez mais EUA, França e Grã-Bretanha em sua tentativa de assassinar Muamar Kadafi. Na primeira semana deste mês bombardearam sua casa aqui, em Bab al Aziziyah, mas não conseguiram assassiná-lo, embora, segundo alta autoridade do governo, ele encontrava-se em casa quando foi realizado o ataque aéreo por caças bombardeiros franceses e britânicos, que conseguiram assassinar o menor de seus filhos, Saif al-Arab, estudante na Alemanha, sem nenhum envolvimento na política líbia, que havia retornado recentemente no país, assim como assassinaram três netos de Kadafi.

Há uma escassez de informações confiáveis. Entretanto, seguramente, a guerra dos imperialistas norte-americanos e franco-britânicos para a pilhagem do petróleo e gás natural da Líbia e sua redistribuição entre as forças dos presuntivos conquistadores sofreu sério golpe no que diz a sua legalidade nas consciências dos povos europeus.

A tentativa de assassinar Kadafi pelos norte-americanos é reprise para os mais velhos. Exatamente há um quarto de século, às 2 horas da madrugada de 14 para 15 de abril de 1986, por ordem do então presidente dos EUA, Ronald Reagan, aviões bombardeiros norte-americanos lançaram 16 toneladas de bombas sobre a então residência de Kadafi, que situava-se aqui, em Bab al-Aziziyah. Mas não conseguiram assassiná-lo.

A operação, que envolveu dois porta-aviões e 150 aviões bombardeiros foi bem sucedida para os EUA. O intenso bombardeio assassinou uma filha de Kadafi, de nome Hana, que, na ocasião, era uma criança de 18 meses. "Assassinos de crianças" denominou Kadafi na ocasião o presidente norte-americano, Ronald Reagan, e a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher.

Contra a ONU

Agora a história se repete. E não se trata de algum erro militar ou excesso de zelo dos pilotos dos bombardeiros. A responsabilidade plena para os assassinatos de inocentes membros da família de Kadafi é, sem sombra de dúvida, dos presidentes Barack Obama e Nicolas Sarcozy, respectivamente dos EUA e da França, e de David Cameron, primeiro-ministro da Grã-Bretanha.

No dia 15 do mês passado, o norte-americano The New York Times, o francês Le Figaro e outros importantes jornais de várias capitais européias denunciaram em termos enfáticos que os bombardeios realizados contra a casa de Kadafi constituem plena violação da decisão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Líbia.

No domingo de Páscoa, Liam Fox, ministro de Defesa da Grã-Bretanha, declarou que "o assassinato de Kadafi é uma possibilidade", ciente dos planos dos EUA e procurando preparar a opinião pública de seu país para o iminente assassinato de Kadafi.

Anotem que ninguém se lembra mais que, em 21 de março, o primeiro-ministro David Cameron confessou que "a decisão do Conselho de Segurança da ONU não outorga rigorosamente nenhuma autorização legal para a realização da operação destinada a afastar Kadafi do poder com meios militares" (leia-se assassiná-lo).

O fracasso desta tentativa de assassinato do Kadafi pelos imperialistas neocolonialistas significa que nada garante sua sobrevivência política, muito menos biolólgica. O violento bombardeio revela que Obama, cansado da incompetência dos fantoches da oposição e dos agentes da CIA na Líbia para derrubarem Kadafi "internamente", tenta liquidá-lo seguindo tática de seus antecessores Reagan e Bush jr.

É óbvio que, após o bem sucedido assassinato de Osama bin Laden pelos comandos norte-americanos, cedo ou tarde, Obama tentará reprisar a operação para assassinar Kadafi. Mas não se sabe se, finalmente, o plano de Obama é prender Kadafi vivo para primeiro escrachá-lo pela televisão via satélite e executá-lo em seguida, ou assassiná-lo "por ter resistido" e jogar seu cadáver ao mar, a exemplo de Bin Laden. É o que se comenta aqui, em Bab al-Aziziyah.

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Fonte: Africa News Agency, no Monitor Mercantil