A maioria das análises converge na avaliação de que 2011 resultará em ano de estabilização e recuperação da economia mundial. O JP Morgan acredita que a atividade econômica está se estabilizando com bons ritmos e que o crescimento em 2011 irá superar as avaliações. Isto poderá, em algum momento, resultar em preocupações sobre a inflação e em medidas de "dura" política monetária (por exemplo aumento das taxas de juros) por parte dos bancos centrais.

O Merrill Lynch prevê que o ritmo de crescimento da economia mundial será, eventualmente, reduzido a 4% para 2011, de 4,8% do ano anterior, enquanto a recuperação nos EUA e na Europa Continental poderá revelar-se decepcionante. Por outro lado, a forte demanda doméstica na China deverá garantir a bem sucedida conclusão dos esforços da aterrissagem da economia chinesa.

Na relação das circunstâncias que poderiam evoluir erroneamente, a Black Rock, por intermédio de seu vice-presidente, Robert Doll, acrescenta a possibilidade de ressurgimento da crise de crédito (à qual está incluída a crise do mercado de imóveis rurais dos EUA, assim como a crise de endividamento de estados e de governos municipais e estaduais) e, também, um eventual aumento nos preços das commodities.

Este aumento criaria pressão sobre as margens de ganhos, despertaria o temor de surgimento da inflação, dificultaria a política dos mercados emergentes de controlarem a criação de fenômenos "bolha" e provocaria preocupações cambiais que poderiam evoluir em guerras comerciais para proteção das transações comerciais de cada estado.

O Saxo Bank teme a possibilidade de desaceleração da economia chinesa, com crescimento anual de cerca de 8%, ao contrário das previsões existentes que o situam em 10%. Além disso, o Saxo Bank preocupa-se que a Espanha será o próximo país do grupo dos Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha, sigla em inglês) a ser afetado se a dívida de Portugal for atacada. Por fim, 2011 será ano estacionado para a Grã-Bretanha, apesar de que a economia do país se recuperará a longo prazo. Mas não antes de 2012.

Taxas de juros

O JP Morgan avalia que "o Federal Reserve (Fed) dos EUA enfrentará dificuldades, mas seus problemas empalidecem em comparação com aqueles que cercam o Banco Central Europeu (BCE)"

"O BCE deseja sair do período de flexibilização e elevar as taxas de juros. Os problemas situados em países da periferia européia não deverão recuar, mas, ao contrário, retornarão durante o primeiro semestre de 2011."

Isto significa, de acordo com JP Morgan, que talvez o BCE não estará em posição de adotar alguma estratégia de saída e que o final da crise nos países da periferia européia esteja atrelado com a aquisição de bônus pelo BCE, com a emissão de novo circulante.

Com ponto de vista otimista, o Bank of America avalia que "a inflação na China é consequência da oferta e resultado exclusivo dos preços de alimentos, considerando que os preços – menos de alimentos – aumentaram apenas em 1,2% ante período correspondente do ano passado".

Contudo, isto não significa que, nas economias em desenvolvimento, o aumento de renda resulta em maior consumo de alimentos de melhores qualidades e, consequentemente, a inflação, impulsionada pelos preços dos alimentos, constitua, eventualmente, indício de uma forte demanda de um modo geral, não sendo decorrente, exclusivamente, da oferta.

As preocupações com a inflação fortalecem as avaliações de que a China promoverá considerável valorização de sua moeda, durante 2011. "As autoridades do governo de Beijing parece estar enfrentando o mais interessante desafio, porque tentam controlar a ascendente inflação" avalia o JP Morgan.

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Fonte: Monitor Mercantil