Em seu pronunciamento, o Secretário Geral da ONU afirmou que “não adotar ações necessárias neste momento terá consequências adversas nos planos econômico, ambiental e na perda de vidas humanas”. Por outro lado, afirmou que o “bom é inimigo do ótimo”, defendendo a necessidade adotar o segundo período do Tratado de Kyoto, já que um acordo final sobre um novo protocolo é pouco provável.

Todavia, o antagonismo permanece, tendo um surgido uma nova força da Conferência com o anúncio de um grupo de 106 países, dos 194 participantes na COP, sob a liderança do G-77+China. O representante do grupo reafirmou as posições do G-77 na defesa do princípio do Tratado de Kyoto das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, assim como a apoio a uma segunda etapa do Protocolo, chamada de Kyoto 2. O grupo de países anunciou, ainda, a defesa da meta global de 1,5 graus Celsius de aumento dos gases efeito estufa até 2020, em contraposição ao resultado de Copenhague e à posição dos países desenvolvidos, que defendem 2 graus.

Manifestações dos movimentos sociais em Cancun

A Via Campesina Internacional liderou uma manifestação de 4 mil pessoas, segundo os jornais locais, entre camponeses e representantes de vários países do mundo. Com palavras de ordem como “A Terra não se vende, a Terra se defende” e “solução à Contaminação”, a caminhada foi realizada sob forte aparato repressivo para intimidar os manifestantes e impedi-los de chegar até o local da COP.

No mesmo dia, em outro local, foi realizada a caminhada das ONGs com palavras de ordem como: “Se Zapata vivesse, estaria conosco” e “Estudar e aprender, para o povo defender”.

As tecnologias alternativas

Em um Hotel de Luxo os empresários fizeram uma Exposição chamada “Gree Solutions”, onde apresentaram novas tecnologias como carros movidos a eletricidade, redução do consumo de energia elétrica,redução da emissão de gases poluentes do carvão, assim como tecnologias para a construção das chamadas “cidades verdes”.

No dia 10, às 18 horas, será finalizada a COP 16, sendo que continua o clima de ceticismo quanto a seus resultados. A declaração do Presidente Lula neste sentido foi muito criticada, todavia esta é a realidade, em decorrência dos antagonismos e da falta de disposição dos países desenvolvidos de continuarem submetidos ao Tratado de Kyoto.

Os países em desenvolvimento não estão dispostos a assumir responsabilidades maiores do que têm. Está esboçado o risco de uma repetição de Copenhague, em Cancun.

*Aldo Arantes é Secretário Nacional do Meio Ambiente do PCdoB e membro da Fundação Maurício Grabois