Em outras palavras, o mundo testemunhou o sucesso da meta dos republicanos, como o definiu seu líder no Senado, Mich McConnel, em entrevista na revista National Journal, ocasião em que disse que "a coisa mais importante que queremos conseguir é fazer Obama presidente de gestão única". Estas questões não surgiram casualmente. Foram postas em discussão após o catastrófico – para o Partido Democrata – resultado das eleições parlamentares realizadas nos EUA.

As eleições renovariam os 435 membros da Câmara dos Representantes (nos EUA são eleitos a cada dois anos), mais 1/3 dos senadores (37 dos 100) e 2/3 dos governadores estaduais (37 dos 50). Na Câmara dos Representantes, os democratas sofreram uma derrota fragorosa. Das 255 cadeiras que tinham contra 178 dos republicanos, e duas cadeiras vagas, agora são os republicanos que têm 50 cadeiras a mais do que os democratas.

Com a Câmara dos Representantes nas mãos dos republicanos, Obama será impedido de promover qualquer reforma. Nos próximos dois anos, governará como presidente de centro-direita, ou todo o trabalho legislativo do governo será bloqueado pelos republicanos, que estarão preparando a derrota de Obama nas eleições presidenciais de 2012. Solução progressiva não existe mais.

Catástrofe para a América

"A situação se tornará trágica", escreveu semana passada no The New York Times o economista, Prêmio Nobel de Economia, conselheiro e amigo de Obama, Paul Krugman, cujos conselhos Obama jamais aceitou. "Os historiadores futuros, provavelmente, considerarão as eleições de 2012 como catástrofe para a América, eleições que condenaram a nação a anos de caos político e debilidade econômica", acrescentou Krugman em seu artigo.

Uma semana antes, em ouro artigo publicado no mesmo jornal, Krugman advertia sobre a iminente derrota de Obama. "Isto acontece quando você precisa pular sobre um caos econômico, mas, ou você não pode, ou você não quer", escrevia iniciando seu artigo, e concluindo assim: "Agora parece que o esforço excessivamente conservador de Obama para pular sobre o lado de lá do caos econômico fracassou, e seja lá como for seremos despedaçados sobre os rochedos do fundo".

Tudo isso não representa o ponto de vista apenas de Krugman – isto é – que Obama não teve a coragem de promover até o fim suas reformas, com resultado de os leitores esquerdistas, para os fundamentos norte-americanos, que o levaram ao poder terem sido decepcionados, abandonando-o em massa e deixando-o butim fácil para a centro-direita e a extrema-direita, as quais deformaram e apresentaram como ameaça qualquer hesitante medida progressista que introduzia Obama.

Os jovens, as mulheres e os independentes o abandonaram. O apoio dos negros e dos hispânicos dos EUA a Obama foi extremamente reduzido. O incessante aumento do desemprego foi o epitáfio nas eleições.

Gastando US$ 1.5 trilhão para salvar os bancos e sucumbindo às pressões dos neoliberais interessados em não aumentar o déficit por causa de incentivos econômicos destinados a fomentar a ocupação, embora defendessem – com unhas e dentes – a concessão de ajuda aos bancos, Obama foi congelado pelos seus eleitores. "Preocupava-se tanto para não irritar os bancos", anota Krugman.

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Fonte: Valor Econômico