Era esperado. O Pentágono “está preocupado” por causa dos programas de rearmamento da China. E também – com apenas um atraso de 24 horas – o Congresso. Ike Skelton, democrata presidente da Comissão das Forças Armadas da Câmara dos Representantes, “compartilha” as preocupações dos militares norte-americanos e pede ao governo “para dar maior atenção ao aumento da capacidade defensiva dos EUA”.

Quarenta e oito horas antes, a Lockhead, uma das três maiores indústrias de equipamentos bélicos dos EUA, anunciou que será levada à derrocada se não receber “urgentemente” do governo novas encomendas de sistemas bélicos.

Naturalmente, atrás de todas estas “preocupações” encontra-se a proposta do secretário da Defesa dos EUA e ex-arquiaraponga da Agência Central de Inteligência (CIA), Robert Gates, para redução dos gastos militares em US$ 100 bilhões, durante os próximos cinco anos.

O Pentágono não está de acordo com o civil Gates e está reagindo adotando a mesma tática que seguia durante a Guerra Fria. Naquela época, o mesmo establishment industrial-militar – a indústria bélica e os militares, habitualmente mancomunados – exigia também novos sistemas bélicos, preocupando-se porque a então União Soviética havia, supostamente, testado alguma “arma nova”, havia aumentado seu poderio ofensivo e outras alegações.

Conforme comprovou-se posteriormente, o poderio militar soviético jamais foi superior ao correspondente norte-americano e muito menos apresentou “novas armas”, as quais neutralizariam a armadura militar norte-americana.

Chantagem

A receita é posta novamente em uso. Mas desta vez a ameaça não vem de Moscou, mas de Beijing, assim como as condições mudam também nos EUA. A crise obriga o Governo Obama a decretar cortes nas verbas militares. Anotem que o percentual proposto de corte de apenas US$ 20 bilhões é insignificante em um orçamento militar de US$ 810 bilhões.

Existe, contudo, a advertência da poderosa indústria bélica, a qual possui fortíssimos lobbies no Congresso norte-americano: “Se nos próximos dois anos não forem feitas encomendas de sistema bélicos de pelo menos US$ 300 bilhões, três grandes grupos da indústria bélica reduzirão em até 60% sua produção (…) e, em consequência, demitirão cerca de 50 mil trabalhadores”.

É contudo fato que a China já colocou em execução um grandioso plano de modernização de suas Forças Armadas. Mas seus gastos militares ano passado, de acordo com avaliações do Pentágono, mal atingiram US$ 150 bilhões, isto é, 1/5 do volume de recursos que gastam os EUA no Iraque e no Afeganistão.

Mas a China planeja criar uma poderosa marinha de guerra e já está desenvolvendo seu arsenal de mísseis balísticos intercontinentais. O governo de Beijing interrompeu sua cooperação militar e as trocas com os EUA, e isto, obviamente, preocupa o governo de Washington.

Por outro lado, o governo de Beijing ficou extremamente irritado por causa da decisão dos EUA de vender a Taiwan sistemas bélicos no valor de US$ 6 bilhões. Assim, os EUA reduziram seu déficit comercial com Taiwan, assim como estão fazendo agora vendendo à Arábia Saudita um número não divulgado de caças bombardeiros de última geração no valor de US$ 30 bilhões.

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Fonte: Monitor Mercantil