Desenfreado está o economista e Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman em seu importantíssimo artigo publicado no The New York Times e republicado em todos os grandes jornais das capitais européias. Krugman explode contra a histeria da imposição de medidas de frugalidade que domina todos os empoados líderes europeus.

“De repente, a criação de postos de trabalho tornou-se fora de moda. Está na moda provocar dor e sofrimento. A condenação dos déficits e a recusa de concessão de ajuda para uma economia que luta tornou-se a nova moda em todos os lugares”, escreve Krugman no início de seu artigo, e caracteriza “gigantesco erro” esta guinada à frugalidade.

Com coragem coloca em discussão uma questão que na Europa todos a sentem, mas ninguém a coloca em discussão: os riscos para a própria democracia que provoca esta insensível política econômica.

“Na Alemanha, poucos cientistas políticos enxergam analogias com a política de Heinrich Brüning, chanceler alemão de 1930 até 1932, cuja dedicação à ortodoxia econômica concluiu na oficialização de condenação da República de Weimar”, escreve direta e sem meias palavras Krugman. Isto é, a política que levou Hitler ao poder.

“Porém, apesar de todas essas advertências, os falcões dos déficits predominam na maioria dos países, e em nenhum mais do que na Alemanha”, completa o norte-americano Prêmio Nobel de Economia, destacando que “não têm absolutamente nenhuma lógica econômica, por exemplo, as medidas de frugalidade totalizando 80 bilhões de euros que o Governo da Alemanha decretou”.

Europa sentirá

Até um dos mais empedernidos especuladores, o norte-americano George Soros, não concorda com a política de Berlim. “A política da Alemanha constitui ameaça para a Europa. Poderá destruir o projeto europeu”, declarou direto.

Contudo, Krugman conhece muito bem a mentalidade dos empoados líderes europeus. “Os políticos alemães mostram-se decididos a provar sua força, impondo dor e sofrimentos. E os políticos do mundo inteiro seguem sua liderança”, escreve Krugman.

Ele explica quais serão as consequências disto: “Haverá, naturalmente, preço a ser pago por esta postura de força dos alemães. Mas apenas uma parte deste preço será debitada contra a Alemanha. A frugalidade alemã recrudescerá a crise na Zona do Euro, tornando mais difícil a recuperação da economia espanhola e das demais economias que enfrentam problemas”.

A loucura de toda esta questão é que, enquanto os empoados líderes europeus estrangulam o Estado Social, impondo frugalidade assassina aos trabalhadores e pilhando seus salários e suas aposentadorias e pensões, no âmbito de uma tresloucada política neoliberal, nos EUA ocorre o contrário.

O Governo Obama liberá empréstimos generosamente baratos às empresas e consumidores, reduz a tributação das famílias, proporciona apoio aos desempregados e investe em obras públicas de infra-estrutura, para gerar crescimento e o povo trabalhar. Ainda mais tresloucada prova-se a postura européia se alguém comparar os alicerces dos fundamentos econômicos dos EUA com os da Europa.

Os líderes políticos norte-americanos financiam política de crescimento, apesar do fato de os EUA registrarem aumento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano em 2,8% e a Europa, que calcula seu crescimento em apenas 1% neste ano, segue política restritiva que impede o crescimento. O que os cidadãos europeus podem dizer de seus empoados líderes?

O Governo dos EUA opta por política desenvolvimentista, embora, ano que vem – calcula-se – o déficit do orçamento norte-americano atingirá 13%. Prefere, contudo, garantir trabalho aos norte-americanos do que bem-estar aos números.

Já a União Européia avalia que seu déficit ano que vem será apenas a metade do norte-americano (6,9%). Mas, apesar de tudo isso, segue política que incluirá muitos milhões de europeus aos exércitos do desemprego. É óbvio que algo muito podre exala mau cheiro no Velho Continente.

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Fonte: Monitor Mercantil