Sua ajuda – não solicitada – ofereceu o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, que, utilizando o espaço que lhe foi oferecido pelo sempre disposto jornal italiano La Repubblica, considerou os planos alemães “bons” e repetiu sua instância por maior disciplina fiscal na Zona do Euro, além de rejeitar intervenções, segundo as quais a frugalidade fiscal resultará em estagnação.

“Não compreendo o argumento de que não assumimos nossas responsabilidades para com o mundo no que diz respeito a nossas políticas econômicas”, escreveu Wolfgang Schäuble no jornal alemão de economia Handelsblatt.

E, conforme fez questão de recordar – “a quem possa interessar” – “a Alemanha promove medidas arrasadoras desde 2008, a fim de estabilizar a economia, além dos mecanismos de segurança que dispõe, como gastos mais altos no setor de Previdência Social, os quais”, conforme destacou, “desempenham papel muito menor em países que hoje desfecham severas críticas contra nós”.

“Âncora da estabilidade”

No mesmo artigo, Schäuble invocou o déficit fiscal da Alemanha, em 5% do Produto Interno Bruto (PIB) como prova do compromisso por medidas de tonificação do crescimento. E como, aliás, asseverou em entrevista ao jornal britânico Financial Times, no qual menciona novamente a responsabilidade para com a Europa e o restante do mundo: “Corresponderemos não acumulando dívida pública, mas persistimos em nosso tradicional papel como âncora de estabilidade”.

No mesmo tom respondeu às críticas “Frau” Angela Merkel, tanto em sua entrevista no Wall Street Journal, quanto em declaração na televisão alemã, retransmitida para toda a Europa: “Adotaremos as medidas em que concordamos”, declarou, categoricamente, referindo-se ao programa destinado à poupança de 80 bilhões de euros, a maior desde a Segunda Guerra Mundial.

Em sua entrevista ao WSJ, Merkel rejeitou as instâncias por revisão do papel da Alemanha na economia mundial como superpotência exportadora e, refutou apelos – entre outros dos EUA – para atribuir ênfase, ao invés das exportações, à tonificação da demanda doméstica.

Merker rejeitou, também, a idéia de que a Alemanha é apoiada sobre gastos não conserváveis em outras regiões do mundo, para conservar sua economia. E conforme destacou caracteristicamente durante a mesma entrevista, “as bem sucedidas exportações refletem a alta competitividade e a força que dispõem nossa empresas em termos de inovação. A redução técnica da competitividade alemã não seria útil a ninguém”.

EUA contra inércia

Aliás, – conforme tratou de recordar – “a Alemanha contribuiu em elevado grau para o enfrentamento da crise mundial no último biênio, com as medidas de apoio fiscal que, neste ano deverão superar 2% do PIB”. E, finalizando, Merkel defendeu o ponto de vista de que na Reunião de Cúpula, os líderes dos países do Grupo G20 concentrariam seus esforços na regulamentação do setor financeiro.

A persistência alemã com a disciplina fiscal encontra “de acordo” vários figurões da União Européia, como os empoados Jean-Claude Trichet, Herman Van Rompuy, presidente da União Européia, e José Manuel Barroso Durão, presidente da Comissão Européia, órgão executivo da União Européia.

Porém, na margem oposta do Atlântico, os pontos de vista são diferentes. Lawrence Summers, conselheiro de economia do presidente Barack Obama, declarou que “os governos deverão trabalhar para evitarem o risco de prolongada inércia, onerando assim seus problemas fiscais”. Mas Summers evitou agravar a discussão, sustentando que “a forma para se conseguir a viabilidade fiscal, indiscutivelmente, difere de pais para país”.

________________________________________________________________________

Fonte: Monitor Mercantil