Infelizmente, isso não foi possível no primeiro turno pela convalescência do candidato fascista Jair Bolsonaro, pela fuga no debate da Globo, e pelas limitações do formato da campanha eleitoral. No possível segundo turno, ele não poderá usar o artifício da fuga e se insistir nessa tática perderá força.

Por isto, setores majoritários da grande mídia junto com grandes grupos econômicos e financeiros, batem bumbo, tentando a todo custo, criar uma onda para que a eleição acabe já em 7 de outubro.
É que Bolsonaro teme o segundo turno igual o diabo à cruz.

Uma vez a disputa prorrogada ao segundo turno, realizado amplo debate, ficará claro ao eleitorado que em um só voto se fará três escolhas: democracia ou ditadura; soberania nacional ou entrega das riquezas nacionais ao capital estrangeiro: e desenvolvimento direcionado a garantir direitos ou a “economia do posto Ipiranga” (cortar o que resta direitos da classe trabalhadora e assegurar os ganhos fabulosos dos rentistas).

Daí a relevância do esforço redobrado das campanhas das candidaturas progressistas a horas do início da votação e também do trabalho a ser feito no próprio dia 7, como uma eficaz fiscalização.

Especialistas em pesquisas opinam que haverá segundo turno. De acordo com o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, há 95% de possibilidade de haver segundo turno. Mauro Paulino, do Datafolha, avalia que, além da grande probabilidade do segundo turno, dificilmente a disputa do dia 28 de outubro não terá os candidatos Bolsonaro e Haddad. Mas a materialização dessas possibilidades depende, em grande medida, de uma ação decidida da militância progressista, uma maratona sem descanso para impedir que manobras da direita tirem do povo brasileiro a oportunidade de entender melhor o grau de periculosidade da chapa fascista dos candidatos Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão.

No debate do segundo turno haverá como o eleitor entender a dinâmica dos programas de governo, especialmente o de Bolsonaro, cujo responsável, o economista Paulo Guedes, está censurado pelo candidato exatamente para que o povo não tome conhecimento da gravidade que ele representa. Será a oportunidade para se cobrar esclarecimentos sobre as propostas ultraliberais e radicalmente neocoloniais da chapa da extrema direita, além de saber como elas seriam implantadas, o que obrigaria o candidato a se posicionar sobre as suas ideias arbitrárias e violentas.

Ao mesmo tempo, a chapa democrática e progressista, de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila, poderá mostrar, com mais profundidade, como será a dinâmica que fará a roda da economia girar e promover o desenvolvimento com progresso social e democracia. Será o confronto entre um programa desenvolvimentista e democrático com um contracionista e autoritário. Valores como democracia, direitos sociais, soberania nacional, desenvolvimento e distribuição de renda poderão ser mostrados com mais detalhes para despertar na imensa maioria do eleitorado o senso de percepção sobre o que de fato está em jogo nessas eleições.

Haverá, nessa polarização, a fotografia real do país, mostrando quais interesses cada proposta atende. Bolsonaro terá de vir a público para expor o que pensa sem meias palavras ou subterfúgios, o que certamente abrirá um amplo debate sobre os destinos do país. Para as forças democráticas e progressistas, a interface com o povo é o caminho que evitará o ingresso do país num ciclo de entreguismo e arbítrio, uma grave ameaça que paira sobre a nação. O povo precisa ser alertado, com vigor, sobre o tamanho do perigo que a chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão representa. Dizer que estão em jogo nada menos do que os fundamentos do país como nação.

Para livrar o país dessa gravíssima ameaça neocolonialista e fascista, é preciso empenho total nestas horas finais e decisivas. A situação chegou ao ponto de não haver mais margem para outra tática política que não seja a de somar forças a fim de impedir a imposição do fascismo como projeto político para que o programa de governo da extrema direita seja enfiado goela abaixo dos brasileiros. Nessas horas que restam antes do voto na urna, cada democrata e patriota, militante das causas populares, tem o dever de se concentrar nessa meta de levar a decisão sobre os destinos do país para o segundo turno.