O PT deve lançar amanhã, em reunião do Diretório Nacional, campanha de “alto impacto” em defesa da reforma política. O objetivo, segundo o presidente da sigla, Rui Falcão, é conseguir, até fevereiro de 2014, um 1,5 milhão de assinaturas para emenda popular que prevê o financiamento público exclusivo, listas partidárias com alternância de gênero e a convocação de assembleia constituinte exclusiva para ratificar a proposta votada

O jornalista João Santana criou uma campanha específica para a reforma política: spots, cartazes, braçadeiras e camisetas. A ideia subjacente do slogan é “dinheiro sujo mancha a República”, numa alusão ao atual formato de financiamento privado das campanhas. “É bem pesado. Quero mostrar para o diretório porque é uma campanha de alto impacto”, disse Falcão ao Valor PRO, o serviço em tempo real do Valor. As peças serão mostradas na reunião marcada para amanhã do diretório nacional do partido.

No PT chegou a ser sugerido o slogan “A reforma política é um barato. Não deixe que vire negócio”. Mas o que deve prevalecer é a criação de Santana, o marqueteiro das campanhas vitoriosas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Roussef.

Antecipando-se às críticas dos partidos de oposição, Falcão disse que a campanha do PT provavelmente será associada ao julgamento dos recursos do mensalão, “algo para limpar a nossa barra, quando na verdade nós sempre defendemos essas propostas para a reforma política”.

Oficialmente, a pauta do diretório nacional prevê a análise da conjuntura e os preparativos para a eleição direta dos novos dirigentes do PT, em novembro. Na prática, servirá para o lançamento das duas grandes campanhas que o partido deve desencadear ou apoiar a partir de agora.

No primeiro caso está a reforma política. O PT, inclusive, pensa recolher a assinatura dos filiados que votarão em seus novos dirigentes, em novembro, o que significa já algo em torno de 500 mil assinaturas. Com 1,5 milhão de assinaturas, o partido espera que a proposta de reforma política chegue ao Congresso com a mesma força do projeto que instituiu a Lei da Ficha Limpa.

A segunda grande campanha na qual o PT pretende se envolver será de apoio às entidades que devem apresentar um projeto de emenda popular em defesa da “democratização dos meios de comunicação”. Entre as entidades engajadas na campanha estão a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Fórum Nacional de Democratização dos Meios de Comunicação, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entre outras.

Além da proposta do PT, a reforma política pode ser tratada também pelo Supremo Tribunal Federal, onde tramita uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que questiona o financiamento privado das campanhas. A OAB também discute a apresentação de um projeto sobre o “financiamento democrático”, ou seja, a permissão do financiamento privado apenas para as pessoas físicas, com limite. A Ordem mantém os partidos políticos à margem da discussão.

Publicado no Valor Econômico