Essa nova escalada intervencionista se insere no vendaval golpista na América Latina para restaurar a hegemonia da velha ordem neoliberal e neocolonial. A Venezuela vem sendo cercada e atacada por uma violenta guerra midiática, ideológica e econômica, um processo que teve como pico inicial o sequestro, em 2002, do seu então presidente, Hugo Chávez. As sucessivas tentativas de golpe tem como objetivo rasgar e pisotear as bases da institucionalidade democrática do país, criada no processo de resistência, e resultaram nos dramáticos problemas econômicos e humanitários atualmente enfrentados pelo país.

Dando sequência à escalada intervencionista, o presidente norte-americano, Donald Trump, reconheceu o líder golpista Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e líder da oposição, como presidente da Venezuela. “Continuaremos a considerar o ilegítimo regime de Maduro como responsável direto de qualquer possível ameaça à segurança do povo venezuelano”, disse Trump em comunicado de apoio ao aspirante a usurpador venezuelano.

O chefe da Casa Branca também instou outros governos de direita a reconhecerem o golpista Guaidó como presidente. A anúncio de Trump veio acompanhado de ameaças. Ele disse ainda que “usará todo o peso econômico e o poder diplomático dos Estados Unidos para pressionar por uma restauração da democracia venezuelana”. E que seu país consideram “todas as opções” se o presidente legítimo da Venezuela, Nicolás Maduro usar a força na Venezuela.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, também se manifestou e pediu a Maduro que “abandone a Presidência em favor de um líder legítimo refletindo a vontade do povo venezuelano”, afirmando que os Estados Unidos apoiarão Guaidó para o estabelecimento de um governo de transição e a convocação de eleições. Pompeo também incitou militares e forças de segurança do país a “apoiarem a democracia e protegerem os cidadãos”.

Seguindo Trump, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro reconheceu Guaidó como presidente interino daquele país. “O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”, escreveu Bolsonaro em uma rede social. Logo em seguida, o Itamaraty divulgou uma nota em que afirma que o reconhecimento se dá “de acordo com a Constituição daquele país” e “tal como avalizado pelo Supremo Tribunal de Justiça” no exílio.

O presidente colombiano, Iván Duque, também reconheceu o presidente da Assembleia Nacional venezuelana como presidente interino do país, e disse que a Colômbia “acompanha o processo de transição para que o povo da Venezuela se liberte da ditadura”. O mesmo fez o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que usou o Twitter para anunciar apoio a Juan Guaidó, e o presidente argentino, Maurício Macri.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, também reconheceu a Presidência do aspirante a usurpador na Venezuela. “Nossos cumprimentos a Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. Tem todo o nosso reconhecimento para impulsionar o retorno do país à democracia”, tuitou Almagro.

A escalada golpista tem a marca da violência. Na noite que antecedeu a marcha da direita deste dia 23 de janeiro na Venezuela voltou a ser violenta, como a madrugada anterior. Ao menos quatro pessoas morreram, segundo a polícia. Apoiadores da democracia também se reuniram no Palácio Miraflores, sede do governo da Venezuela.