“Vamos chegar a mil neste ano, contando novas escolas e equipamentos como bibliotecas, laboratórios e quadras”, projetou Dino. Ao viabilizar a construção ou a reforma de centenas de colégios estaduais e municipais, o governo do PCdoB, sustentado por uma base de 16 partidos, tem inaugurado, em média, uma obra a cada dois dias. “Só neste mês de agosto, abrimos 19 escolas. Praticamente eliminamos as escolas de lata, taipa, palha e barro. Para os prefeitos, [esse novo modelo] virou um signo de qualidade da gestão.”

Após cinco décadas de hegemonia local da família Sarney, a infraestrutura precária dos colégios não foi a única “herança maldita” que Flávio Dino recebeu. A qualidade do ensino despencava. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Maranhão caiu de 3,1 para 2,8 no último ano da administração Roseana Sarney, que antecedeu o governo Dino. As frequentes greves de professores revelavam uma categoria cada vez mais desvalorizada e desmotivada. “Nos deparamos com uma tempestade perfeita, que nos exigia ‘disciplina revolucionária”, como dizem os comunistas – ou muita fé, como dizem os cristãos.”

Não havia tampouco colaboração entre o estado e os municípios. Mesmo os recursos federais foram escassos. Desde que chegou ao Poder Executivo maranhense, o governador enfrentou, primeiro, a recessão econômica do País, ainda sob a presidência de Dilma Rousseff (PT). Depois, a estagnação do PIB. Agora, para piorar, o boicote declarado do presidente “antiparaíbas” Jair Bolsonaro (PSL). 

Educação e desenvolvimento

Aos professores, estudantes, pesquisadores e trabalhadores da educação que participavam do Encontro do PCdoB, Flávio Dino deixou claro que teve de fazer escolhas político-administrativas. “Chegamos a um ponto de exaurimento, e o estoque de mágica é finito”, diz. “Se eu tivesse investido, por exemplo, em asfalto, minha popularidade seria maior. Mas não houve receio de apostar diferente e fazer um governo popular, com perspectiva de desenvolvimento.”

O governo decidiu lançar projetos e iniciativas cuja verba não dependesse só do percentual do orçamento “carimbado” para a Educação. A fim de garantir que os professores maranhenses recebam o piso mais elevado do País, Dino destinou 100% dos recursos do Fundeb para a folha de pagamento. O caixa da infraestrutura escolar foi reforçado com um fundo estadual de investimento, no âmbito do Programa Escola Digna. Além de recursos do Tesouro, esse fundo é incrementado por operação de crédito do BNDES, parcerias com empresas privadas, entre outras fontes.

 

Dino fez exposição para os cerca de 350 professores, estudantes, pesquisadores e trabalhadores da educação que participavam do Encontro do PCdoB

A inclusão é outra marca da gestão. Quando Dino assumiu o governo, o Maranhão não tinha nenhuma escola em tempo integral. Hoje, são 49. No ensino superior, o número de vagas em universidades públicas deve saltar de 3.540 em 2014 para 5.740 no começo de 2020. “A meta é dobrar até o fim do governo”, compromete-se Dino. O principal indutor da ampliação de oferta foi a criação da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul), instalada em Imperatriz, segundo maior município do estado, mas com campi também em Açailândia e Estreito. 

Outros dois projetos enchem o governador de orgulho. O Cidadão do Mundo – uma espécie de versão maranhense do Ciência sem Fronteira –, financiou os estudos de 315 jovens pesquisadores brasileiros no Exterior. Já o Sim, Eu Posso, inspirado num programa cubano e executado junto a parceiros como o MST, tirou mais de 20 mil jovens, adultos e idosos do analfabetismo.

“Agora, esses adultos podem ler a carta dos filhos que moram em outros estados. Podem ler os preceitos bíblicos na missa. Podem usar sozinhos o caixa eletrônico”, celebra Dino, que cita como mantra uma frase do líder chinês Xi Jiping: “Para governar bem, é preciso conectar o seu coração ao coração do povo.”

2022?

Os êxitos do governo e a aprovação popular a Flávio Dino alçam seu nome à condição de potencial candidato à Presidência da República em 2022. “Eu estou doido para disputar uma eleição de novo”, brincou o governador, admitindo a hipótese de disputar o Palácio do Planalto, depois de duas bem-sucedidas festões no Palácio dos Leões.

Pelo que se viu no Encontro de Educação, os comunistas abraçam a proposta. “O PCdoB planeja lançar uma candidatura à Presidência em 2022, e o Flávio Dino é um dos nomes que a direção já está discutindo”, afirmou o vice-presidente do Partido, Walter Sorrentino. Ao que o público reagiu com palavras-de-ordem: “Novo Brasil, novo destino / Meu presidente é Flávio Dino”; e “Um, dois, três / Quatro, cinco mil / Queremos Flávio Dino presidente do Brasil”.

 Há nove décadas, Washington Luís, o último presidente da República Velha, dizia que “governar é abrir estradas”. O atual chefe de Estado brasileiro parece crer que governar é “abrir” as florestas, com seu estímulo às queimadas e ao desmatamento na Amazônia. Se a candidatura de Flávio Dino se consolidar, o País terá a alternativa de eleger um gestor para quem governar, entre outras coisas, é abrir escolas. Um extraordinário avanço, já de saída