Uma cobaia na rota do mar

Não tenho mais a idade que sei…
Desde as estrelas e os disfarces que a lua insiste por me existir
que as palavras exigiram de meu corpo
a mente daquilo que estou…
Há tanta certeza na rota desse mar
que a multidão me descompreenderia,
acaso fosse ao balcão.
Já estive em velhices, infâncias ou outro limite humano.
O que importa quantos anos serei agora?
O nervo da noite me suga se um poema me sonega.
Tão dona de miudezas, percebe gavetas,
Inaugura meus calçados, a poesia.
Levanta minha saia, provoca meu país,
alimenta sua rota quando puxa meus cabelos
e me sussurra acampamentos.
Sortilégios ou fados? Pergunta minha aflição.
E desce por água abaixo a etiqueta do dom.
Por tantas vezes fabrica anzóis
e revogar absolvição dos meus desejos.
Ela me experimenta, me vira de ponta à cabeça.
E é com rosto virado pro céu que aceito
o teto da profecia que me escapará das desavenças
que comprometem os meus abrigos.
E como galhos assustados de puro vento,
Padeço da canção de eterna idade,
de calendário indomável
e espero na pedra do tempo
a criação de um novo mundo.

  Marta Eugênia é Especialista em Linguística e Professora de Língua Portuguesa na cidade de Arapiraca em Alagoas. www.http://eugenico.blogspot.com