Indumentária para Sofia

Se ela colhia um fruto sequer do dia,
levava para seu templo.
Ela tinha até o céu pra reinventar
à hora que desejasse: a palavra.
Era assim também que ela inventava: ?
É semântica a vida para sentidos nenhuns?
Cacos endossam seus fragmentos ao chão.
E bichos que profundam a terra como um mar.
O silêncio tem uma fala misteriosa
que cabe a qualquer vivente humano perceber.
Decifrar, nunca.
Numa garrafa térmica azul
ele, o silêncio, desescala uma gota de café,
bem devagar, enlesmando o trajeto vertebrado.


  Marta Eugênia – Professora de Língua Portuguesa 
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