1

No fundo dos vales escuros morrem os famintos.
Mas você lhes mostra o pão e os deixa morrer.
Mas você reina eterno e invisível
Radiante e cruel, sobre o plano infinito.

2

Deixou os jovens morrerem, e os que fruíam a vida
Mas os que desejam morrer, não permitiu…
Muitos daqueles que agora apodreceram
Acreditavam em você, e morreram confiantes.

3

Deixou os pobres pobres, anos após ano
Porque o desejo deles era mais belo que o seu céu
Infelizmente morreram antes que chegasse com a luz
Morreram bem-aventurados, no entanto – e
                 apodreceram imediatamente.

4

Muitos dizem que você não existe e que é melhor assim.
Mas como pode não existir o que pode assim enganar?
Se tanto vivem de você, e de outro modo não poderiam
                morrer –
Diga-me, que importância pode ter então que você
                não exista?

 

Brecht Poemas 1913 – 1956
Seleção e Tradução de Paulo César Souza
3ª edição – Editora Brasiliense