Prosa@Poesia
A muralha
Nicolás Guillén Publicado em 24.11.2016
“La muralla”, pertence à antologia “La paloma de vuelo popular”, publicado em Buenos Aires em 1958. No ano seguinte, Guillen é surpreendido pelo triunfo da revolução cubana e regressa a seu país. Desta forma, o poema cala alto ao coração revolucionário cubano. Muito gravado como canção, foi em 1969 que os chilenos Quilapayun musicaram-no no álbum Basta!. O trio Quilapayún, cujo objetivo era seguir as correntes do folclore latino-americano de uma forma inovadora, chegou a ter a direção artística de Victor Jara, tornando-se embaixadores culturais do Chile durante o governo de Salvador Allende, até o golpe de 1973, quando se exilaram na França.

A Cristina Ruth Agosti
Pra fazer esta muralha,
tragam-me tôdas as mãos:
os negros, suas mãos negras,
os brancos, as brancas mãos.
Ai,
alta muralha que vá
desde a praia até o monte,
desde o monte até a praia, bem,
lá, lá sôbre o horizonte.
- Tum, tum!
- Quem é?
- Uma rosa com seu cravo...
- Abre a muralha!
- Tum, tum!
- Quem é?
- O sabre coronel...
- Fecha a muralha!
- Tum, tum!
- Quem é?
- A paloma e o laurel...
- Abre a muralha!
- Tum, tum!
- Quem é?
- O escorpião e a centopeia...
- Fecha a muralha!
Ao coração do amigo,
abre a muralha,
ao veneno e ao punhal,
fecha a muralha;
mas ao dente da serpente,
fecha a muralha;
ao rouxinol numa flor,
abra a muralha...
Ergamos nossa muralha,
juntando tôdas as mãos;
os negros, suas mãos negras,
os brancos, as brancas mãos.
Alta muralha que vá
desde a praia até o monte,
desde o monte até a praia, bem,
lá, lá, sôbre o horizonte...
Livro: Antologia Poética
Autor: Nicolás Guillén
Seleção e Adaptação: Ary de Andrade
Editora: Leitura