A experiência de pisar em todos os lugares em que, remotamente, gente simples acreditou na determinação de Luis Carlos Prestes para segui-lo por 25 mil km, Brasil afora, transformou-se pelo empenho da Fundação e da equipe do mandato do deputado estadual Raul Carrion (PCdoB-RS), em exposição, mapas físicos e virtuais, lançamento do livro de memórias de Maria Prestes, reportagens para internet e revista, um álbum de imagens e, agora, um documentário em vídeo. Um conjunto de documentos que visam a inserir os 90 anos da Coluna Prestes no calendário das grandes celebrações nacionais e aproximar as novas gerações daquele momento transformador do Brasil.

Um evento com a envergadura da Coluna Prestes, a marcha que pretendia revolucionar o Brasil de 1924, entrou para a mitologia nacional pelo inusitado de sua empreitada, pelo pioneirismo de sua estratégia e intenções, pelo heroísmo e solidariedade de seus combatentes e pela invencibilidade no confronto com as forças oficiais. Para trás, portanto, ficaram as marcas de admiração e coragem, mas também as controvérsias que uma luta sempre instiga.

Em 2014 foram celebrados os 90 anos da Coluna, a marcha militar que atravessou o Brasil, reivindicando uma modernização, que começaria com a Revolução de 1930. Naqueles anos em que oligarquias rurais sufocavam o país no atraso, homens como Luís Carlos Prestes fizeram o impensável ao comandar 1500 homens e mulheres, por grotões ainda desconhecidos e esquecidos.

Para vislumbrar como começou este grande evento histórico, membros da família Prestes voltaram à região de Missões, no Rio Grande do Sul, no final de maio, para pisar nos locais onde foi protagonizada a formação da Coluna. Foram dez dias de contato de Maria Prestes, a viúva do líder comunista, e seus filhos Luís Carlos e Mariana, com monumentos, memoriais, museus, universidades, prefeituras, câmaras legislativas, igrejas, imprensa. Uma agenda intensa que se traduziu em emoção, compromisso e institucionalização da importância de Prestes e da Coluna para aquela região gaúcha. Antes do périplo pelo Rio Grande do Sul, uma homenagem simbólica aos combatentes da Coluna ocupou o Congresso Nacional, reunindo representantes dos que participaram da marcha revolucionária.

Quando Maria Prestes, e seus filhos Mariana e Luís Carlos, chegam a Santo Ângelo, os marcos visitados são da memória, da homenagem e da mitificação do herói que ali começou a agitar as multidões com suas ideias.
A passagem por São Luiz Gonzaga, no entanto, expõe as cicatrizes da controvérsia, seja na recepção inédita e cordial do comando do quartel ocupado pelos revoltosos, seja na gruta católica, feita em agradecimento por não haver derramamento de sangue no período em que Prestes esteve na cidade. Mesmo a bela pajada acompanhada de gaitas fez lembrar a resistência de vereadores em homenagear a celebridade de Luis Carlos Prestes, pedindo desculpas à família. Como eles, há intelectuais que preferem ressaltar os detalhes históricos amplamente explorados e distorcidos pela elite reacionária que combateu a Coluna.

Dessa plenitude de expressões, manifestações e emoções é feita a jornada dos Prestes pelo Rio Grande do Sul, em meados de 2014, ao celebrar os 90 anos da Coluna Prestes. Se poucos acompanharam, muitos viram partes isoladas desse périplo. Este vídeo-codumentário, se junta, agora, à publicação em forma de álbum fotográfico e às reportagens publicadas, no intuito de aproximar-se da completude da experiência que foi acompanhar e registrar a afeição dos gaúchos pelos Prestes e pelo que representou a Coluna de brasileiros de todo o território nacional em torno de um ideal de mudança.