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Hoje na História: 1957 - Dramaturgo norte-americano Arthur Miller é acusado de desacato ao congresso

Durante a investigação, Miller, então com 41 anos, recusou-se a revelar os nomes de supostos escritores comunistas junto dos quais estivera em cinco ou seis reuniões em Nova York, em 1947.

Ele respondeu a todas as questões levantadas nas audiências do Comitê, porém declarou que sua consciência não permitiria que entregasse os nomes de seus colegas. Também não estava disposto a criar possíveis problemas para eles. A condenação surgiria numa sentença de 15 páginas redigida após um julgamento de seis dias.

No curso do julgamento, o advogado de Miller, Joseph Rauh, reclamou que as questões que seu cliente se recusara a responder não tinham qualquer conexão razoável com o inquérito dos passaportes. Argumentou que o Comitê queria simplesmente expor o dramaturgo e que a “exposição pela exposição” era totalmente ilegal.

O juiz, contudo, considerou que o Comitê tinha um objetivo válido em examinar o regulamento de emissão de passaportes, visto que o próprio réu tinha experimentado dificuldades para a obtenção do documento. O tribunal foi informado pelo governo que Arthur Miller havia ingressado no Partido Comunista em 1943, mas isto foi negado veementemente por ele.

Afirmou, no entanto, que houve dois curtos períodos – um em 1940 e outro em 1947 – nos quais esteve bastante próximo das atividades patrocinadas pelo Partido Comunista, o que deve ter levado autoridades a pensar que ele tinha se tornado seu membro.

Miller não estava presente quando o veredicto foi anunciado. A punição máxima por desacato ao Congresso era de um ano de prisão e multa de 200 dólares. Nenhuma data foi fixada para a publicação da sentença, no entanto, era previsível que o advogado de Miller entraria com recurso.

Após o julgamento, Miller, que permanecia livre aguardando os desdobramentos do processo, declarou seguidamente, através de um porta-voz, que nem ele nem sua mulher tinham comentários a fazer. O caso pôs em questão todo o sistema das investigações do legislativo e suas implicações sobre os direitos individuais.

O Comitê da Atividades Anti-Americanas havia sido criado em 1938 para investigar fascistas e comunistas supostamente vinculados ao governo. Em 1947 voltou sua atenção para as artes. Um grupo de escritores, roteiristas, diretores e atores conhecidos como os Dez de Hollywood foram considerados culpados por desacato ao Congresso. Eles se negaram a responder questões acerca de suas crenças políticas.

Foram colocados em uma lista negra por dez anos, o que fez com que fossem banidos dos estúdios de Hollywood por conta de suas supostas ligações com o Partido Comunista. Algumas semanas após o caso Miller, John Watkins ganhou uma apelação e conseguiu que a Suprema Corte anulasse uma condenação semelhante.

No dia 7 de agosto de 1958, após uma batalha legal de quase dois anos, a Corte de Apelações de Washington anularia a condenação de desacato de Arthur Miller.

Fonte: Opera Mundi