Com a ratificação do Tratado de Lisboa pelos 27 Estados europeus, a eleição de Herman van Rompuy para a presidência do Conselho europeu e de Catherine Ashton como Alta-representante da União para os Negócios Estrangeiros (Relações exteriores-Br.) e da política de Defesa, a 19 de novembro de 2009, marca uma viragem decisiva nas ambições mundialistas. A União europeia (U.E.) fica progressivamente dotada de um rosto político e de um « número de telefone », citando a expressão de Henry Kissinger. Certo, novos acertos — uma forma de executivo — serão necessários, afim de assentar verdadeiramente esta união regional. Com efeito, rivalidades continuam a perdurar entre o presidente do Conselho europeu, o presidente da Comissão europeia e a presidência rotativa de seis meses. Esta situação irrita profundamente a administração Obama. [1] Entretanto, dotada de personalidade jurídica e de uma completa primazia do direito europeu sobre o direito nacional, a União europeia pode pretender tornar-se num actor da cena internacional. Não seria correcto afirmar que esta nova vocação se fará numa completa independência em relação ao resto do mundo. Com efeito, as elites europeístas apoiadas pela oligarquia financeira avançam em ligação, e em comunhão de espírito, com todas as outras formas de união regional,, em curso de elaboração no planeta.

Com efeito, a União europeia não é mais que uma componente de um vasto programa conducente à emergência de blocos continentais, dotados cada um de uma moeda, de uma cidadania, de um parlamento único, etc ; sendo o conjunto destes blocos chamado a constituir uma governança mundial. Podemos relevar as seguintes uniões regionais em formação :

– A Comunidade Económica Eurasiática (CEEA ou Eurasec por Eurasian Economic Community) [2] : criada em outubro de 2000 e reunindo vários países do antigo bloco soviético (Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia, …), prossegue o objectivo de criar uma união alfandegária [3] a partir de 2010 com a ideia de uma moeda, regendo o conjunto, chamado « evraz » [4] ou « euras » ou ainda « eurásia » (o nome desta moeda pode ainda mudar) [5].

– A União das nações sul-americanas (UNASUR) [6] : criada em maio de 2008, entende passar de uma lógica sub-regional a uma identidade regional fundindo, para isso, numa única organização o Mercosur e a Comunidade andina, ou seja reunindo assim todos os Estados do continente sul-americano (à excepção da Guiana francesa, e as ilhas britânicas de Sandwich e Malvinas). O ideal prosseguido é de conseguir a formação de um parlamento, de uma moeda única [7] e de uma cidadania comum. A UNASUR mantêm laços privilegiados com o seu modelo europeu, no quadro de uma assembleia parlamentar euro-latina americana chamada EUROLAT [8].

– O Sistema de integração centro-americano (SICA) [9] : criado em dezembro de 1991, este grupo de países centro-americanos prossegue os mesmos objectivos citados acima, em particular a criação de uma moeda única, resolução seguinte ao 33º congresso realizado em S. Pedro Sula (Honduras) em dezembro de 2008.

 

 

– O lançamento da Organização da Unidade Africana (OUA) [10] em 1963 permitiu passar à velocidade superior, a partir dos anos 1999-2000, para a criação da Uni ã o African a (UA, em Durban em julho de 2002) e da « Nova Parceria para o Desenvolvimento de África » (NEPAD). [11] Os objectivos (comissão, parlamento panafricano, tribunal africano dos direitos do homem, etc) decalcam-se sobre o modelo europeu. [12]

 

– O Conselho de cooperação do Golfo (Golf cooperation council, GCC) [13] : criado em 1981, tende a uma união cada vez mais estreita entre os Estados do Golfo (Baréin, Koweit, Oman, Catar, Arábia Saudita e Emiratos árabes unidos). Uma moeda comum está prevista para 2010/2011. O nome avançado por alguns é « Khaleeji ». Entretanto, embora o princípio de unidade monetária tenha vingado, o nome desta moeda não ficou estabelecido [14].

– Uma união asiática toma forma sob a égide de três actores principais : o Japão (CEAT, Council on East Asian Community), a China (NEAT, the Network of East Asian Think Tank) e a Coreia do Sul (EAF, the East Asia Forum). Desde o 1º de janeiro de 2010, que a China e a Asean (sigla inglesa para Associação das nações do Sudeste asiático) lançaram a maior zona de livre-troca do mundo, à qual se juntaram a Coreia, o Japão, a Austrália e a Nova-Zelândia. Ela deverá permitir « acelerar este processo de regionalização » como se compraz dizê-lo Xu Ningning, o secretário geral do Conselho económico China-Asean. [15]

– Uma União Norte-americana foi lançada em março de 2005 no Texas (Waco) entre os chefes de Estado norte-americano, canadiano e mexicano no quadro da PSP (Parceria para a Segurança e a prosperidade). [16] O objectivo declarado é de conseguir, teoricamente no decurso do ano de 2010, a instauração de um perímetro político, económico e militar unificado entre os três Estados. [17] Uma unidade monetária chamada « amero » ou « dólar norte-americano » (a designação desta nova moeda não está decidida) deverá substituir o dólar EU e o canadiano assim como o peso mexicano. [18]. Esta mutação passa por um afundamento do dólar e, por ricochete, do sistema financeiro e monetário mundial. Esta crise sistemática global (política, financeira, monetária e geopolítica )reforça-se neste início do ano de 2010 afim de favorecer a chegada desta nova ordem mundial tão desejada pelos coriféus do sistema.

– Enfim, está previsto teoricamente para 2015 a instauração de um Bloco euroatlântico unificado política, económica e militarmente. [19] Podemos assinalar que o Parlamento europeu adotou uma resolução, a 26 de março de 2009, tratando do « estado das relações transatlânticas após as eleições que tiveram lugar nos Estados- Unidos ». Esta resolução faz a resenha de todos os acordos políticos, económicos e militares concluídos de uma parte e de outra das margens do Atlântico afim chegar a uma união transatlântica. [20]

Esta lista não estaria completa sem evocar um evento major passado em claro pela imprensa francesa. Com efeito, aquando da cimeira de Aquila na Itália (8-10 julho de 2009), os chefes de Estado trataram diversos dossiês (crise económica, clima, …). Entretanto, num encontro com os jornalistas, o presidente russo Medvedev esmerouse a apresentar um protótipo de moeda mundial sob forme de uma peça fabricada na Bélgica na qual estava gravado em inglês « unidade na diversidade ». [21] Esta apresentação constitui um ponto de viragem. Pela primeira vez, um chefe de Estado apresentou um exemplar de uma moeda capaz de ser a referência única da humanidade inteira. [22] Este gesto completa as palavras de Herman van Rompuy que, aquando do seu discurso de agradecimento após a sua nomeação para o posto de presidente do Conselho da União europeia, não hesitou pronunciar estas palavras carregadas de sentido : « 2009 é também o primeiro ano da governança mundial com a instauração do G20 em plena crise financeira ». [23]

Esta afirmação — precisamente da parte de um partidário da governança mundial — deve levar-nos a refletir e a colocar a seguinte questão : como chegamos a este ponto ? Com efeito, a descrição destas diversas uniões regionais, mais ou menos avançadas, no quadro de uma autoridade única — com o colapsar interno dos Estados que as compõem [24] — não é fruto do acaso. De facto, esta mutação resulta de um extenso trabalho de fundo da parte dos oligarcas financeiros [25] e dos grupos das elites políticas no quadro de think tanks (centros de pensamento,ndT) ou de fundações.
A oligarquia anglo-saxónica e os seus príncipes

O público francófono, infelizmente, ignora os verdadeiros actores da política mundial, já que estes exercem os seus talentos mais nos bastidores que nos palcos da cena politiqueira. Para melhor compreender a situação desastrosa na qual se encontram os defensores da causa nacional neste início do século XXI, é preciso lembrar em traços gerais o papel eminentemente importante do poderio financeiro e aristocrático anglo-saxónico. Este sempre constituiu um Estado dentro do Estado. Pode-se situar a sua tomada de poder em seguida à instauração da « Grande Carta » (Magna Carta, NdT) a 15 de junho de 1215. Após a derrota do rei João Sem Terra de Inglaterra, a 27 de julho de 1214 em Bouvines face ao rei Filipe Augusto, os barões ingleses garantiram privilégios políticos e financeiros. A partir daí, a coroa britânica é obrigada a entender-se e a colaborar com uma casta que alia força, poder financeiro e ambições comerciais. Nasce pois, nesta época, uma elite ávida, reivindicativa e orgulhosa. Ela está na origem da existência destes grupos de pressão (ou lobbis) que, por vias tão diversas como a financeira, ou da inteligência ou dos médias, exercem pressões sobre o poder político. Este último dependendo largamente dos apoios e de moeda sonante, e lutando pela sua manutenção no poder fica na obrigação absoluta de levar em conta os avisos e os conselhos emanando desta casta. Os think tanks (« centros de pensamento » – na realidade funcionam como centros de opinião para influenciar, NdT), fundações e grupos elitistas são a sequência lógica de um estado de espírito élitista e mercantil. Estes cenáculos tornaram-se os centros incontornáveis, duma minoria activa, condicionando o futuro do mundo anglo-saxónico e depois, pouco a pouco, do universo inteiro. Contrariamente à concepção política francesa que submete toda a actividade ao poder do Estado, estas organizações político-comerciais não dependem, mais, de uma autoridade nacional. Desde muito cedo, elas começaram a exercer a sua acção. A partir da Idade Média, companhias como os London Staplers, os London Mercers Company ou ainda a British East India Company (a Companhia das Índias Orientais -CDIO, no séc : 17) foram os pontas de lança do imperialismo britânico. Assim, a aristocracia comercial transmitiu entre si a chama da conquista e do controlo das riquezas de geração em geração. « Sempre mais » para retomar uma expressão de François de Closets.

A derrota francesa na América do Norte, conduzindo ao Tratado de 10 de fevereiro de 1763, pode ser considerada como o acto de nascença da subida do poderio da oligarquia britânica. Com efeito, a perda da Nova França deu à Coroa britânica um continente inteiro de riquezas incalculáveis e quase vazio de habitantes. A incapacidade da monarquia francesa em povoar estes vastos territórios, e a integrá-los na esfera da civilização greco-romana, fez bascular todo este espaço para a órbita anglo-saxónica. Revestidas de uma aura de espírito messiânico, as elites conquistadoras americanas em ligação com as suas homólogas britânicas estão prontas à impor o seu modelo ao mundo inteiro. Após as guerras da Revolução e a derrota de Napoleão I em 1815, a potência anglo-saxónica não tem mais qualquer rival sobre os mares. Potência demográfica, com o povoamento de vastos territórios na América do Norte, na África austral, Austrália e na Nova-Zelândia, controla pontos estratégicos em todo o lado no mundo (Gibraltar, Hong Kong, …), detêm territórios em quase todos os continentes, com tecnologia de ponta e sector bancário eficiente permitindo a estas aristocracias comerciais de Londres e de Nova-Iorque sonhar com um controlo mundial sob os auspícios da City e de Wall Street. Um homem tornou-se a figura de proa deste ideal : Cecil Rhodes.
Cecil Rhodes (1853-1902) [26]

Este grande defensor do Império britânico emigra para a África austral onde a sua personalidade e as suas qualidades intelectuais, fora do comum, vão permitir-lhe fazer fortuna nos diamantes. Ele está na origem da criação da indústria diamantífera De Beers em ligação e com o apoio de Nathaniel Mayer Rothschild (1840-1915).

Com a sua colossal fortuna abrindo-lhe as portas na colónia britânica, Cecil Rhodes marca posições permitindo que, alguns anos após a sua morte em 1910, o Estado Sulafricano (domínio do Império britânico) tome forma. A sua influência financeira e política permite-lhe controlar territórios aos quais dá o seu nome : a Rodésia. Divididos, mais tarde, em Rodésia do Norte e Rodésia do Sul, estes Estados vão tornar-se a Zâmbia e o Zimbabué. Entretanto, a sua grande ideia colonial é a de construir uma imensa via férrea partindo do Cabo até ao Cairo. Na sua defesa do Império britânico, as vias de comunicação constituem uma manobra capital para a valorização das riquezas de toda a espécie. O desenvolvimento das vias de comunicação (sob todas estas formas [27]) é o plano de passagem obrigatório para o bom funcionamento de todo o Império. Este preceito é de uma enorme actualidade neste início do século XXI [28]. As vias de comunicação são como artérias irrigando o império comercial e político.


Cecil Rhodes (1853-1902)

Para além do bom funcionamento do Império britânico, um ideal superior atormenta Cecil Rhodes. Com efeito, convencido da superioridade da « raça » anglo-saxónica, ele concebe uma política afim de assegurar esta supremacia : a união de todos os países anglo-saxónicos ou, mais exactamente, a instauração de um bloco reunindo o Império britânico e os Estados-Unidos da América. O conjunto devia constituir para ele o alicerce permitindo a nascença de um Estado mundial animado dos princípios e da filosofia da aristocracia comercial anglo-saxónica. Afim de chegar a tal, ele pensa ser necessário recrutar personalidades superiores no seio das universidades que, animados do mesmo ideal, seriam apoiados para ocupar os postos chave e tão diversificados como na economia, na finança, no exército, na educação, nos serviços secretos ou ainda no jornalismo. Assim, paralelamente a um corpo de exército, estes diferentes personagens, verdadeiros jesuítas do mundialismo, convergiriam no mesmo objetivo afim de moldar os espíritos nos respectivos países desenvolvendo para tal as estruturas político-económicas conducentes à emergência deste Estado comercial mundial. No seu espírito, esta ambição titânica e de enorme fôlego passa pela criação de « bolsas de estudo Cecil Rhodes » (Rhodes Scholarships). Cecil Rhodes não viveu o suficiente para ver a concretização deste ideal em vida. Foi apenas em 1904 que os seus colaboradores próximos lançaram as primeiras bolsas de estudo com o seu nome na universidade de Oxford. O sociólogo francês, Auguste Comte, costumava dizer que « os mortos governavam os vivos ». Esta fórmula pode aplicar-se com propriedade a Cecil Rhodes. Os seus conceitos forjaram o mundo do século XX e do início do século XXI. Sem esgotar a lista, podemos relevar entre os beneficiários das bolsas de estudo Cecil Rhodes : o Primeiro-ministro australiano Bob Hawke (1981/1993) ; James Wolsey, director da CIA (1993/1995) ; Wesley Clarke, patrão da OTAN no decurso da década de 1990 e actor principal da destruição da Jugoslávia em Março de 1999 ; o presidente Bill Clinton (promoção 1968) ou ainda James William Fullbright (senador do Arkansas e grande figura da política americana). [29]

A política de Cecil Rhodes não teria podido tomar amplitude que se sabe sem a acção dos seus colaboradores próximos. Também aqui não podemos citar uma listagem completa resultante da leitura do Anglo-American Etablishment de Carroll Quigley. Os homens que rodeavam Cecil Rhodes caracterizaram-se por um facto essencial ; eles ocupavam os sectores chave da sociedade britânica na segunda metade do século XIX. [30] Eles determinaram o futuro do mundo de uma maneira implacável. Nessa longa lista, reteremos três personagens.


Alfred Milner (1854-1925)

Uma das figuras de proa, sucessor e filho espiritual de Cecil Rhodes chamava-se Alfred Milner (1854-1925, também conhecido como Lorde Milner). Entre as suas numerosas actividades, como por exemplo director da London Joint Stock Bank, ele foi o chefe de gabinete de guerra do Primeiroministro Lloyd George durante o conflito de 1914-1918. Durante esta guerra mundial, um acontecimento determinante para as gerações futuras deu-se em novembro de 1917. Com efeito, a « Declaração Balfour » (Arthur James Balfour, político britânico) afirmou, sob a égide do governo britânico, o reconhecimento de um lar judeu na Palestina. Este reconhecimento foi oficializado directamente por uma carta dirigida a Walther Rotschild, que era um intermediário com o movimento sionista na Grã-Bretanha. Na realidade, o verdadeiro redactor desta declaração foi Alfred Milner. Como o explica Carroll Quigley, a « Declaração Balfour » deveria de facto chamar-se a « Declaração Milner ». [31]

Philipp Kerr (1882-1940, tornado lorde Lothian) foi o secretário privado de Lloyd George. O que significa dizer que estava no centro das manobras políticas em torno do Primeiro-ministro inglês, e era uma correia de transmissão para o conjunto do « grupo Milner » [32]. Em seguida, foi embaixador do Reino Unido em Washington.

Por fim, podemos evocar Lionel Curtis (1872-1955). Além da sua participação nos trabalhos do Tratado de Versalhes, Foi o autor da expressão « Commonwealth of nations »(Comunidade de Nações,ndT) cuja aplicação data de 1948. Como revela Carroll Quigley, esta expressão é o resultado de acções cujo fim seria o de preparar o Império britânico para mudanças políticas conduzindo a uma organização mundial. Estes trabalhos apelando a uma Commonwealth remontam a 1916 [33]. Enfim, precisemos que Lionel Curtis jogou um papel determinante, em 1919, na criação do think tank inglês, o Royal Institute of International Affairs-(em inglês- Instituto Real para as Relações Internacionais, NdT)-(RIIA, também chamado Chatham House).

A compreensão da mecânica mundialista deve ser estudada como um imenso puzzle. É preciso passar em revista cada peça deste puzzle, e depois, em seguida, juntá-las afim de ter uma vista de conjunto. É por isso que passamos a um outro pan do sistema, lembrando ao leitor que deverá conservar na memória estes diferentes elementos afim de poder reconstituir depois todo o quadro. Só assim se poderá compreender o « Monstro ».
A Sociedade fabiana (Fabian society) [34]

A Sociedade fabiana [35] é uma instituição que viu a luz do dia em Londres em 1884 sob o impulso do político inglês Sydney Webb (1859-1947) e da sua esposa, Béatrice Webb, e ainda do escritor irlandês George Bernard Shaw (1856-1950). A guardaavançada desta sociedade fez-se sob a influência do promotor do socialismo Robert Owen (1771-1858) [36] que transmitiu as suas ideias a John Ruskin (1819-1900, professor na universidade de Oxford [37] e que influenciou Cecil Rhodes) [38]. Outras pessoas impregnadas por um ideal socialista cristão como Frederik Derrison Maurice (1805-1872) deixaram marcas no decorrer do XIXº século, abrindo a via à fundação da sociedade fabiana. A escolha de « fabiano » (fabian) explica-se por se referir ao general romano da época das guerras púnicas (cerca de – 200 A.C.), Fabius Cunctator (quer dizer o « temporizador »). Face ao general cartaginês Anibal, o militar romano praticava a tática de guerrilha que consistia em não apressar as coisas com vista a atingir o seu objectivo final. É este método de mudança suave, mas implacável, que é a marca registada da sociedade fabiana. Ela defende o princípio de uma sociedade sem classes, devendo conduzir à síntese do socialismo (o Estado providência) com o capitalismo (as leis do mercado), devendo o conjunto chegar à realização de uma economia monopolista num quadro estatista mundial. Afim de cumprir as ambições desta sociedade, os seus dirigentes consideram que é preciso ir passo a passo ou, segundo a sua expressão, por « gradualismo ». A influência desta sociedade é imensa porque numerosos políticos ingleses foram membros da sociedade fabiana [39]. Entretanto, esta influência tornou-se tanto mais importante quanto esta sociedade esteve na génese da criação da London School of Economics (LES)(Escola de Ciências Económicas de Londres,ndT), em 1895, sob o impulso de Sydney Webb. Esta prestigiosa escola de formação económica que se diversificou em seguida formou, num espírito fabiano, não só gerações de dirigentes ingleses, mas também numerosos estudantes de uma parte e de outra do planeta. Estes tornaram-se muitas vezes, em seguida, actores principais da vida política e económica dos respectivos países. Como o antigo presidente da Comissão europeia, Romano Prodi ; o presidente John Kennedy ; a rainha da Dinamarca Margarethe II ; Pierre Trudeau (Primeiro-ministro canadiano) ; o lobista e membro de vários think tanks Richard Perle (« o príncipe das trevas ») ; o financeiro George Soros (fundador dos institutos Open Society) ; o antigo conselheiro de François Mitterrand, Erik Orsenna e mesmo o cantor dos Rolling Stones, Mike Jagger (há menos de um ano ! [40]), frequentaram os bancos desta escola. Esta última graças à acção da sociedade fabiana contribuiu para a formatação de numerosos espíritos a nível mundial. Entretanto a influência desta sociedade foi muito variada, entre outros pela acção de um dos seus membros, o escritor Herbert George Wells (1866- 1946).


H.G. Wells (1866-1946)

Impregnado do ideal fabiano, H.G Wells soube colocar os seus pontos de vista em numerosos livros. Autor de sucesso em L’Homme invisible, La Machine à remonter le temps ou ainda La Guerre des mondes- (O Homem invisível, A Máquina do tempo ou ainda A Guerra dos Mundos, NdT), este escritor inglês espalhou as suas convicções numa obra aparecida em 1928, Open conspiracy (« Conspiração aberta ») [41] , pregando um Estado mundial sem classes, controlando tudo (« uma nova comunidade humana » segundo a sua expressão), encorajando a redução drástica da população mundial e a prática da eugenia. Com efeito, desde o início, H.G Wells apresentou as suas teorias numa obra pouco divulgada e cujo titulo corresponde exactamente à formula maçónica Ordo ab chao : A Destruição libertadora. Aparecida em 1914, esta obra conta a história de uma guerra generalizada levando à criação de um Estado mundial constituído em 10 blocos (« 10 circunscrições » segundo a fórmula do autor [42]). É neste livro – lembremos aparecido em 1914 – que se encontra a expressão « Nova Ordem Mundial » [43]. De seguida, H.G Wells recidivou publicando um livro em 1940 com o título sem equívoco : A Nova ordem mundial [44].

Todos estes representantes fabianos frequentavam e colaboravam, de perto ou de longe, com a equipe de Cecil Rhodes e depois de Lord Milner. Um verdadeiro espírito de corpo em favor de um objetivo comum, um Estado mundial, animava todos estes diferentes personagens. Estas elites anglo-saxónicas, que não são mais que a sequência lógica das aristocracias comerciais da Idade-Média, continuaram a juntar as suas forças no seio de outros clubes como a Pilgrim Society em 1902 em Londres e em Nova Iorque [45]. A velocidade de cruzeiro foi atingida, em 1910, com a criação da Round Table (em inglês para Távola Redonda, da lenda do Rei Artur em Camelot, NdT).
A Round Table e os seus « meninos » [46]

A Round Table (Távola Redonda, ndT) [47], é a herdeira de um passado multissecular de tradições místicas, financeiras, elitistas, e marca uma etapa decisiva nos preparativos devendo conduzir a um Estado mundial. Com efeito, sob os auspícios de Lord Milner e seus seguidores, este instituto de alto nível foi criado em estreita colaboração com as elites financeiras americanas afim de assegurar o predomínio do mundo anglo-saxão e devendo assim desembocar num Governo mundial. Outras Round Tables foram criadas em todos os domínios e colónias do Império Britânico e inclusivé nos Estados Unidos. Continuando as ambições de Cecil Rhodes, financeiros de renome começaram a enquadrar a equipa de Lord Milner, como por exemplo Alfred Beit (1853-1906), Sir Abe Bailey (1864-1940) e a família Astor. Outros grupos vieram juntar-se ao berço do mundialismo da Round Table : financeiros como J.P Morgan [48], o banco Lazard ou ainda as famílias Rockefeller e Whitney [49].

Antes de continuar o estudo das « boas obras » da Round Table, é necessário fazer um ponto de ordem : estas grandes famílias da mundialização, apesar de animadas por um ideal comum, não deixam de ser dilaceradas por dissensões internas. Podemos salientar, principalmente, duas causas : a primeira, tão velha como o mundo, chama-se rivalidade. As rivalidades das ambições e de ambiciosos buscando cada vez mais poder, mais influência e mais riquezas, afim de ocupar os melhores lugares de poder, fizeram brilhar a história desta aristocracia comercial. Fenómeno que é tão velho como a própria história do Homem.

Por outro lado o segundo ponto é próprio à Round Table. Com efeito, para além da aparência de unidade à vista escondiam-se duas correntes de pensamento em competição. Ambas as correntes perseguindo o mesmo objetivo : a instauração de um Estado mundial. No entanto, num caso, uma corrente defende a óptica da constituição de um bloco anglo-saxão unificado (Império Britânico associado aos Estados Unidos), esta base, ou cimento anglo-americano seria para eles a coluna vertebral permitindo ao resto do mundo agregar-se, associar-se.

No segundo caso, a outra corrente tem uma visão diferente. Acha que não é necessário privilegiar o nascimento de um Império anglo-saxão como ponto de ancoragem a um mundo unificado. Propugna, sobretudo, a emergência de um mundo onde nenhum país poderia impôr a sua lei ou a sua filosofia política. Trata-se para os partidários da segunda via de criar uma espécie de « caldo de cultivo », generalizado, unificador da humanidade inteira num só bloco, sem nenhuma distinção. Temos aqui uma oposição entre os defensores de um mundialismo anglo-saxão e os partidários de um mundialismo planetarizado.

A Primeira Guerra Mundial foi o tempo de báscula de um mundo para o outro. Mesmo se não é possível citar, com detalhe, o papel essêncial que desempenharam as elites anglo-americanas durante este conflito mundial [50], podemos salientar a relevante missão cumprida pelo sueco Olof Aschberg (1877-1960) à cabeça do seu banco Nya Banken de Estocolmo. Ele foi o grande financiador servindo de intermediário entre as elites de Wall Street (New York) e da City (Londres) de um lado e os dirigentes bolcheviques pelo outro.

A sua alcunha era a de « banqueiro da Revolução Mundial ». Como no-lo recorda [o investigador] Antony Sutton, o banco de Olof Aschberg tinha uma filial em Londres — o Bank of North Commerce —, cujo presidente era Earl Grey, um importante membro da equipe de Cecil Rhodes e de Lord Milner [51].

Este último [Lord Milner] jogava também um papel capital no seio da oligarquia anglo-saxónica. Com efeito, além da sua actividade citada anteriormente, foi Lord Milner que conseguiu convencer o Primeiro-ministro inglês Lloyd George a apoiar firmemente a revolução bolchevique. Esta evolução decisiva para o futuro do mundo deu-se após a visita a Londres, em fins de1917, de William Boyce Thompson (1869-1930), acompanhado de um representante do [banco] JP Morgan, Thomas W. Lamont (1870-1948) [52]. Membro do directório executivo do Banco Federal dos EU, (quer dizer do Fed -Reserva Federal), W.B Thompson era ao mesmo tempo um agente ao serviço da oligarquia, no seio da Cruz Vermelha americana, presente na cidade de Petrogrado [São Petersburgo] em 1917.

Esta cobertura permitiu-lhe fornecer entre outras coisas a enorme soma, para a época, de um milhão de dólares aos bolcheviques [53]. Na sua viagem de regresso a Nova Iorque, fez uma paragem em Londres para submeter um memorando a Lloyd George apelando ao apoio da revolução bolchevique. Lord Milner, grande admirador de Karl Marx, apoiou ao máximo William Boyce Thompson nas suas movimentações afim de fazer dobrar Lloyd George.

A revolução bolchevique não teria podido ver a luz do dia sem o apoio determinante da oligarquia comercial anglo-americana [54].

Ao finalizar a Primeira Guerra Mundial, as potências comerciais anglo-saxónicas — que saíram vitoriosas desta conflagração mundial— encontravam-se em boas condições, enquanto a França saiu da guerra demográfica e financeiramente arruinada. O Tratado de Versalhes não garantiu a segurança da França frente a uma Alemanha diminuída e dependente, em grande parte, dos empréstimos [bancários] anglo-saxónicos concedidos à sua economia.

A França encontrou-se paralisada e impotente face aos ricos tesoureiros e banqueiros anglo-saxónicos, e a sua situação agravou-se mais quando estes últimos decidiram conceder empréstimos, mediante os planos de investimento de Dawes (1924) e Young (1928) que, colocando a economia alemã sob a tutela dos bancos londrinos e novaiorquinos [55], foram determinantes para o fortalecimento do poderio industrial germânico.

Com efeito, gigantescos complexos industriais de aço e de química (IG Farben e Vereinigte Stahlwerke), indispensáveis para fazer a guerra, nasceram na Alemanha na década de 1920-1930. A derrota francesa frente à Alemanha em 1940, quer dizer o início da Segunda Guerra Mundial, tem as suas causas, em parte na ação e comportamento financeiro-comercial dos anglo-saxónicos a favor da recuperação económica e técnica da Alemanha nazi (sobretudo nos sectores do aço, do combustível sintético e da borracha) [56].


Colonel Edward Mandell House (1854-1938)

Paralelamente a esta política, as elites anglo-americanas decidiram preparar, desde os anos 1918-1919 uma mudança na Round Table. De facto, com vista a conseguir uma maior eficácia, decidiu-se criar dois think-tanks, um em cada margem do Atlântico, cuja missão consistia em converter-se nos motores da política externa destes dois países. Do lado inglês foi a criação em 1919, sob o patrocínio de Lionel Curtis — mais um colaborador de Lord Milner — do Royal Institute of International Affairs (RIIA, conhecido também como Chatham House) [57].

Foi esse próprio Lionel Curtis que promoveu uma Commonwealth federativa, capaz de integrar pouco a pouco os diferentes países do mundo [58]. Estes objetivos eram defendidos e apoiados nos EU por Clarence Streit (1896-1986) [59], um jornalista correspondente do New York Times, acreditado ante a Sociedade das Nações (e beneficiário também de uma bolsa de estudo Cecil Rhodes, promoção de 1920), e por outro lado, o representante norte-americano do « grupo Milner », Frank Aydelotte [60].

Do lado americano foi a criação do Council on Foreign Relations (CFR)(Centro para as Relações Externas,ndT) [61] em 1921, sob o patrocínio de um personagem que desempenhou um papel central o coronel Edward Mandell House (1854-1938). Conselheiro íntimo do presidente [americano] Wilson [62], este coronel foi o pivô entre o grupo Milner e os « poderosos » de Wall Street (JP Morgan, Vanderlip, Rockefeller, Warburg, …). Nesta listagem incompleta, podemos citar um nome importante, Paul Warburg, que esteve à cabeça da Reserva Federal dos E.U., (o Fed), desde a sua criação em 1913.

Este banco oligárquico, privado, independente, e alheio ao poder central governamental [quer dizer que o governo dos EU não tem controlo sobre as suas actividades] é o responsável pela emissão monetária nacional — do dólar americano — [63], quer dizer uma entidade privada comportando-se como um Estado dentro do Estado. Foi esse mesmo Paul Warburg que dirigiu o CFR (Centro para as Relações Externas) desde a sua fundação. Estamos perante um caso, ante uma complicada teia de responsabilidades de primeira magnitude no seio da oligarquia anglo-saxónica. E, voltaremos a falar ainda de Paul Warburg quando abordarmos o capítulo dedicado à Pan-Europa.

A síntese de toda a acção do coronel House culmina na publicação de uma obra mestra na mística mundialista, o seu livro intitulado : Philip Dru, administrator [64]. Escrito em 1912, esta novela evoca um Golpe de Estado, conduzido por um oficial da academia militar de West Point (quer dizer o personagem Philip Dru), logrando instaurar uma ditadura nos Estados Unidos e suprimir a constituição do país. Tal como Lord Milner, o coronel House não duvida em afirmar as suas convicções profundas quando afirma que o seu herói na novela (Philip Dru) impõe « um socialismo tal como o teria sonhado Karl Marx ».

House descreve também no capítulo 52 do seu livro o seu ideal de unificação da totalidade do bloco Norte-Americano, facto que já foi sendo consolidado desde o lançamento oficial do projecto na cidade de Waco (Texas, EU) em Março de 2005, tal com o explicamos no início deste artigo.

Não podemos deixar de constatar que estas elites anunciaram, há mais de cem anos, como se iam desenrolar os acontecimentos.

A rede mundialista soube reforçar a sua influência graças ao nascimento de um instituto destinado a jogar um papel de primeira ordem na construção europeia : a Pan-Europa
A Pan-Europa, trampolim da globalização

A criação da Pan-Europa deve-se ao labor de um aristocrata austríaco, filho de mãe japonesa, chamado Richard de Coudenhove-Kalergi (1894-1972). O objetivo declarado de Coudenhove-Kalergi era o de impedir que se voltassem a repetir as atrocidades da Primeira Guerra Mundial. Estas belas intenções, à primeira vista, não era mais do que a árvore que escondia a floresta. Com efeito, muito cedo Coudenhove indicou,claramente, qual é a direção a seguir pelo seu movimento ao elaborar um relatório para a SDN em 1925, [a Sociedade das Nações antecessora da ONU,ndT]. O seu objetivo é unir toda a Europa, afim de a integrar numa organização política mundial unificada. E, para consegui-lo ele menciona no seu relatório a necessidade de criar « continentes políticos », cujo conjunto deveria vir a constituir uma federação de federações no pensamento de Coudenhove-Kalergi [65].

As suas afirmações federalistas correspondiam, exactamente, às aspirações e objetivos visados pela Sociedade Fabiana. Aproveitando-se do apoio destes aliados, Coudenhove-Kalergi organiza em 1926 o primeiro congresso Pan-Europeu na cidade de Viena (Áustria), sob os auspícios do seu presidente de honra, o Sr. Aristide Briand (1862-1932) [66] que era ao mesmo tempo presidente do conselho de ministros do governo francês. Foi durante este congresso, que reunia e contava com participantes de diversas nacionalidades, [67] que se decidiu debater para eleger qual seria o hino europeu. Foi nessa altura que se escolheu a Ode à Alegria de Beethoven [68], que é hoje em dia o hino da União Europeia.

Os objetivos da Pan-Europa foram declarados, com grande pompa, na sua carta de « Princípios Fundamentais » que estipula o seguinte : « (…) A união Pan-Europeia declara consagrar-se [a preservar] o patriotismo europeu, baluarte[valor supremo] das identidades nacionais de todos os europeus. Numa época de interdependências e de desafios mundiais, só uma Europa forte e políticamente unida pode garantir o futuro dos seus povos e entidades étnicas. A união Pan- Europeia reconhece a autodeterminação dos povos e o direito dos grupos étnicos ao desenvolvimento cultural, económico e político (…) » [69].


Richard de Coudenhove-Kalergi (1894-1972)

Durante o decurso da Segunda Guerra Mundial, Coudenhove- Kalergi, esteve refugiado nos Estados Unidos dedicando-se ao ensino na New York University organizando seminários do tipo — Research for a postwar european federation (« Pesquisa para uma federação europeia pós guerra ») —, a favor do federalismo europeu.

De regresso à Europa em 1946, quer dizer no final da guerra, contribui, enormemente, para a criação da União Parlamentar Europeia, a qual favoreceu por sua vez, e posteriormente, em 1949, a criação do Conselho da Europa [70]. Fortalecendo a sua influência em todos os países, esta organização europeia tem sob o seu comando diversas representações nacionais encarregadas de difundir o ideal do seu pai fundador [71], que depois de ter recebido em 1950 a mais importante condecoração europeia, o Prémio Carlos Magno [72], passou o testemunho da missão ao Sr. Otto de Habsbourg em 1972 e este, por sua vez, ao Sr. Alain Terrenoire.

Pode-se compreender melhor o impacto que tem este grupo Pan-Europa, se analisarmos, por exemplo, qual a verdadeira essência que move ou gera a guerra : o dinheiro.

As fontes de financiamento deste instituto deixam-nos ver a insondável e vigorosa cumplicidade do seu principal dirigente e líder máximo com os demais actores da globalização [mundialização].

Com efeito, para além de gozar do apoio de mecenas industriais e financeiros, o Sr. Coudenhove-Kalergi beneficiou do patrocínio do banqueiro Max Warburg, representante do banco alemão em Hamburgo. Como vimos anteriormente, o seu irmão Paul (trabalhando na sucursal americana) encontrava-se à frente do Fed (Reserva Federal de EU) e do CFR.

Agora podemos compreender porque Coudenhove-Kalergi tinha luz verde para cooperar e negociar com os meios financeiros de Wall Street e seus associados em Londres. Esta cumplicidade entre o fundador da Pan-Europa e os meios mundialistas ia sempre em aumento, já que sabemos que Max Warburg era membro do executivo da IG Farben Alemanha enquanto que o seu irmão Paul Warburg, era membro do executivo da sucursal da IG Farben nos Estados Unidos [73].

A chegada de Adolf Hitler ao poder, como explica o investigador Antony Sutton, só se pode entender pela poderosa ajuda que recebeu o ditador alemão por parte dos industriais e financeiros anglo-saxões através dos seus homólogos germânicos. Neste assunto, o director do Reichsbank, o Sr. Hjalmar Schacht (1877-1970), jogou um papel chave como intermediário. O seu trabalho ganhou cada vez mais importância à medida que este personagem subia nos escalões do poder, até alcançar o posto de Ministro da Economia do III Reich nazi de Adolf Hitler, cargo que ocupou de 1934 a 1939.

A ascenção e progresso económico da Alemanha nazi graças a estes apoios, permitiu a Hitler seguir uma política armamentista que ele nunca teria podido encetar, nem aplicar, a uma Alemanha arruinada, se não tivesse solucionado antes as essenciais necessidades básicas da população alemã. Por estas manobras, cumplicidades e resultados com o regime nazi Hjalmar Schacht deviria ser condenado à pena de morte durante o Processo de Nuremberg no fim da Segunda Guerra Mundial, processo que julgou todos os responsáveis nazis, mas onde curiosamente ele foi absolvido.

Com efeito, Hjalmar Schacht estava sólidamente ligado à aristocracia comercial anglo-saxónica. O seu pai, o americano William Schacht, tinha trabalhado 30 anos no seio da filial Equitable Life Assurance de Berlim [74]. O seu filho era pois, desde o seu nascimento, um membro mais por herança, um sócio mais por assim dizer, trabalhando para o sistema mundialista globalizador. Estas afirmações são ainda mais salientes quando sabemos que Hjalmar Schacht era membro desde 1918, do comité executivo do Nationalbank für Deutschland (« Banco Nacional da Alemanha »), junto com o banqueiro Emil Wittenberg, membro por sua vez do comité executivo do primeiro banco soviético criado em 1922, quer dizer o banco Ruskombank [75]. O dito banco soviético era dirigido por um banqueiro sueco … Olof Aschberg [76] personagem que citamos no começo deste artigo. Para continuar a compreender este atoleiro de nomes e conexões, para continuar a orientarmo- nos ainda mais nestas conexões e círculos dos poderosos, podemos precisar que o director da filial estrangeira do Ruskombank, quer dizer o norte-americano Max May [77], ocupava o posto de vice-presidente da Guaranty Trust Company, uma filial do banco JP Morgan [78] que era por sua vez um dos pilares financeiros de Wall Street. Neste assunto, um importante quadro americano de Wall Street trabalhava no seio da elite bancária soviética. Além disso, acrescentaremos para concluir, que a colaboração de Hjalmar Schacht com este sector saia reforçada pelos laços de amizade com o patrão do Banco de Inglaterra, o Sr. Norman Montagu. Assim podemos compreender melhor porque Hjalmar Schacht [79] nunca teve que preocupar-se ao ser julgado pela sua participação no regime nazi de Adolf Hitler.

O apoio que forneceu a aristocracia comercial, e apátrida, anglo-saxónica ao comunismo, ao nazismo assim como o apoio para que Franklin Delano Roosevelt [80] chegasse ao poder nos Estados Unidos , — como o explica, na sua trilogia Wall Street, o autor Antony Sutton —, era una forma de experiência actuando num quadro regional, quer dizer, por um lado na União Soviética, por outro na Alemanha nazi, e outro nos Estados Unidos [81]. Sob a forma de denominações diferentes, Antony Sutton conclui que estas ideologias, chamadas de maneiras diversas « socialismo soviético », « socialismo colectivo » (para o nacional-socialismo nazi) e « socialismo de Novo contrato » (New Deal norteamericano), eram todas, simplesmente, as diferentes caras de um socialismo monopolístico ; ideal de organização que deve conquistar o mundo a nível planetário neste amanhecer do século XXI e no quadro da « Nova Ordem Mundial ».

A guerra de 1939-1945 é de certa forma o resultado de todo este trabalho de bastidores que permitiu inclinar a trajetória para um outro mundo : a instauração e surgimento de dois blocos aparentemente antagonistas e obedecendo na perfeição ao princípio hegeliano da tese e da antítese. Sem embargo, estes dois mundos são irrigados pelas mesmas fontes financeiras. Então, por tal motivo, era possível continuar a preparar o terreno, o ordenamento, devendo levar ao advento e a concretização de um Governo mundial.
O Pós – 1945, os amanhãs que cantam

Podemos assinalar três momentos essenciais nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial : 1946, 1947 e 1948. Quem reactiva a ideia de unificar Europa é Winston Churchill fá-lo num discurso que pronuncia em Zurique, a 19 de Setembro de 1946 : « Temos que construir uma espécie de Estados Unidos da Europa » [82], declara Churchill nesse discurso. Palavras que alegram Richard de Coudenhove-Kalergi, que verifica que dispõe do apoio de Churchill.

Agindo pela sua parte a favor da reactivação do ideal europeu, o fundador da Pan- Europa expôs a historia da sua obra e os projectos a realizar num livro intitulado Eu escolhi a Europa. O autor do prefácio é… Winston Churchill.


Winston Churchill (1874-1965)

Com a reunião de Montreux, que se desenrola na Suiça em Agosto de 1947, a segunda etapa constitui um passo decisivo para o fortalecimento das bases do Estado Mundial que continua preparando-se. Com efeito, representantes europeus [83] e norte-americanos [84] defensores do princípio de um federalismo mundial decidem criar dois institutos, sob a direção do jurista suiço Max Habicht [85], cuja eficácia se traduz em : o « Movimento Mundial Federalista » (World federalist movement, WFM) e a « União dos Federalistas Europeus » (Union of European Federalists, UEF).

No quadro da reunião de Montreux, o WFM apresentou a sua magna carta, favorável ao estabelecimento de princípios fundamentais para a instauração de um Estado mundial com uma base federativa. Há que reconhecer que 63 anos depois da formulação daqueles princípios os seus desejos concretizaram amplamente. De facto, o documento frisa : « Nós, federalistas mundiais, estamos convencidos que a criação da confederação mundial é o problema fundamental da nossa época. Enquanto tal não se resolva, todas as demais questões – nacionais ou internacionais – ficarão sem respostas válidas. Não se trata de escolher entre a livre empresa ou a economia dirigida, nem entre o capitalismo e o comunismo, mas sim entre o federalismo e o imperialismo ».

Entre outras coisas, esta Declaração propõe os seguintes princípios : « limitação das soberanias nacionais » com « o trespasse dos poderes legislativo, executivo e judicial para a Confederação », « criação de uma força armada supranacional ». E sublinha, em particular, algo que mostra grande actualidade neste princípio do século XXI ao assinalar que « uma perspectiva federalista justa deve integrar os esforços realizados nos âmbitos regional e funcional. A formação de uniões regionais [NdR. Sublinhamos] – na medida em que não constituam um fim em si mesmas e não exista o perigo que deêm lugar à formação de blocos – pode e deve contribuir para o bom funcionamento da Confederação mundial ». No fim dessa Declaração precisa-se que se deve favorecer a criação de uma « Assembleia Constituinte Mundial » [86].

Paralelamente à criação do WFM, nasce em Montreux a União dos Federalistas Europeus (UEF, sigla em inglês). Vários trabalhos de vanguarda tinham preparado o terreno com antecedência. Com efeito, sob a influência da Pan-Europa de Coudenhove-Kalergi, tinha sido fundada em 1934 a Europa Union, que defendia o ideal de uma Europa unificada segundo o princípio federal e inspirada no modelo suiço [87]. Quatro anos mais tarde, em Novembro de 1938, foi criada a Federal Union, sob influência dos fabianos Lord Lothian e Lionel Curtis [88]. A Federal Union é um ramo da UEF, tal como igual as diferentes « filiais » em países como a França (UEF France), Alemanha (Europa Union Deutschland), Itália (UEF Italia), etc. É importante precisar que, tal como as bonecas russas que se metem umas dentro das outra, a UEF é um ramo do World Federalist Movement (WFM) [89]. Achamo-nos, portanto, ante um instituto europeu que trabalha a favor do federalismo e que abraça simultâneamente os desígnios do WFM, mas à escala planetária.

Porque é então tão importante mencionar a missão da UEF ? Este instituto federalista está sob a direção do inglês Andrew Duff, deputado do Parlamento Europeu com a etiqueta dos « liberais-democratas » [90]. Também é membro do European Council on Foreign Relations (ECFR, ou « Conselho Europeu de Relações Exteriores ») [91] criado em 2007 [92], irmão gémeo do CFR americano criado em 1921.

Foi Andrew Duff quem, também, em estreita colaboração com a Fundação Bertelsmann e com o deputado Johannes Voggenhuber, reactivou o projecto de constituição europeia depois do fracasso daquele texto nos referendos de França e Holanda em 2005 [93].

O Tratado de Lisboa nunca teria visto a luz – ou pelo menos teria sido muito mais difícil – sem o apoio e as manobras de Andrew Duff. A sua força reside, por outro lado, em demonstrar que a influência dos extintos Cecil Rhodes e Lord Milner se fez sentir durante a elaboração da constituição europeia (a chamada « Constituição Giscard », prelúdio do Tratado de Lisboa) em 2003 e 2004. De facto, o « Grupo Milner » e os fabianos sempre foram favoráveis à unificação da Europa, com a condição de o ser sob a direção dos anglo-saxões.

Durante as duas guerras mundiais, Londres e Washington não podiam tolerar os intentos de ser alcançada uma unidade europeia sob a direção da Alemanha, que era uma potência terrestre, já que a talassocracia anglo-saxónica se veria então marginalizada dos assuntos do Velho Continente. Coisa que Coudenhove-Kalergi, já compreendera, como pode comprovar-se pela leitura do seu discurso de 1950. Não é portanto nada inocente o interesse do Secretário General, encarregue de teleguiar os trabalhos da « Constituição Giscard », o inglês John Kerr. O currículum vitae de Kerr informa-nos que dirige uma companhia petrolífera, la Royal Dutch Shell, e que foi além disso embaixador da Grã-Bretanha nos Estados Unidos. Os seus laços com a aristocracia comercial anglo-saxónica também revelam que é membro do comité da direção encarregado do recrutamento das elites no âmbito das « bolsas de estudo Cecil Rhodes » [94]. Como pode ver-se, o êxito dos objetivos mundialistas é algo previsto a muito longo prazo… mas que se vai concretizando aos poucos.

E, finalmente, o Congresso da Haia, realizado de 7 a 10 de Maio de 1948, com Winston Churchill como presidente de honra e com a participação de cerca de 800 militantes pan-europeus [95], deixou assentes as primeiras bases de uma Europa unificada. Os verdadeiros autores da história, com frequência movem-se entre bastidores, como no caso de Retinger, que trabalha para o CFR e o RIIA, e cuja acção foi determinante para o desenvolvimento das estruturas mundialistas [96].


Bilderberg Bruxelles juin 2000 by xmess

Réunion du Groupe de Bilderberg (Bruxelles, juin 2000)
Bilderberg, New age e Trilateral

A primeira reunião do Grupo de Bilderberg teve lugar em Oosterbeck, Holanda, em Maio de 1954. Disse-se que esse grupo elitista simplesmente adoptou o nome do hotel em que se alojaram os participantes, embora existam dúvidas a esse respeito. A sua criação deve-se, em todo o caso, à acção de Joseph Retinger, embora também se devam mencionar outros vários « peixes graúdos » do mundialismo, como o inevitável David Rockefeller (presidente do CFR e do Chase Manhattan Bank, entre outras conhecidíssimas instituições).

Os membros do Grupo de Bilderberg constituem « o creme e a nata » da classe política, económica e financeira do mundo atlantista. Os média(mídia-Br) ocidentais não mencionam, senão muito raramente, as suas reuniões e, quanto ao Grupo ser tema de reportagens… bem, nem falar ! [97].

As regras que regem a sua organização e as intervenções dos participantes são uma cópia estrita das que vigoram no Royal Institute of International Affairs (RIIAInstituto Real para Assuntos Internacionais,ndT), princípio conhecido como a « regra de Chatham House »). Também neste caso a família Rhodes e Milner deixou a sua impressão digital. Na realidade, as elites que se movem no Grupo de Bilderberg impõem amplamente as suas próprias condições em matéria de política, de economia e em questões financeiras. No caso do belga Etienne Davignon torna-se especialmente impressionante. Vice-presidente da Comissão Europeia de 1981 a 1985, Etienne Davignon é o grande paxá desse grupo elitista. Foi ele que convidou o político belga Herman van Rompuy a submeter-se a uma espécie de exame oral pelo posto de presidente do Conselho Europeu diante dos representantes do Grupo de Bilderberg, a 12 de Novembro de 2009, especialmente ante o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, em Val Duchesse, nas cercanias de Bruxelas [98]. Dito claramente, havia que comprovar se Herman van Rompuy tinha a capacidade necessária para servir de algo ao sistema. E parece que o exame foi satisfatório porque lhe deram o cargo, ou seja reunia as condições exigidas.


Prince Bernhard van Lippe-Biesterfeld (1911-2004)

A designação do primeiro presidente do Grupo de Bilderberg, o príncipe Bernhard (1911-2004), por Joseph Retinger e seus seguidores, não foi nenhuma casualidade. De facto, nos anos 1930 este príncipe alemão tinha sido membro das SS, mais exactamente, da Reiterkorp SS (cavalaria) e da Farben Bilder, uma filial da IG Farben. Casado em 1937 com a herdeira do trono dos Países Baixos, a princesa Juliana,sendo que a sua filha, a rainha Beatriz, é uma activa participante das reuniões do Grupo de Bilderberg.

O passado mais que nebuloso [para não dizer negro] do príncipe Bernhard e a sua nomeação para a chefia do Grupo de Bilderberg foi também um meio de o manter sob controlo. Com efeito, é mais fácil teledirigir alguém para objetivos bem definidos quando esse alguém tem uns quantos esqueletos no armário. A nomeação deste príncipe alemão convertido em cidadão holandês era seguramente de grande importância já que também foi utilizado noutro sector. Temos que abordar agora u m tema a o qu al concede m gran de import â ncia os teóricos d o mundialismo : a ecologia .

A legítima protecção da flora e da fauna adquire um carácter muito diferente sob a influência dos partidários da Nova Ordem Mundial. De facto, estes desviam as mentes para uma divinização da natureza que se associa com o movimento New Age . Trata-se do princípio que identifica a « Gea » [também chamada Gaia. NdT.] como a « Mãe Terra » [99]. Numerosos institutos dedicam-se a propagar essa tendência filosófica, em particular o WWF (World Wild Fund for nature- Fundo Mundial para a Natureza Selvagem, ndT), que promove a protecção da natureza. A sua criação, em 1961, deveu-se ao trabalho de vários personagens membros do movimento mundialista.

Efectivamente, temos que mencionar aqui os irmãos Aldous e Julian Huxley. O primeiro é o autor de um livro profético, o Admirável Mundo Novo (em inglês Brave New World), publicado em 1932, verdadeiro programa político mundialista soba a aparência de uma novela de ciência-ficção em que fala de um Estado mundial reinante sobre uma humanidade submissa e hierarquizada resultante de manipulações genéticas.

O autor viveu toda a sua vida utilizando as drogas mais diversas para alcançar um « estado de misticismo ». Tais delírios, característicos do meio, também afetaram o seu irmão, Julian Huxley, partidário da eugenesia e primeiro director geral da UNESCO (a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1946. Esta mentalidade característica dos irmãos Huxley deveu-se à influência do seu avô, por parte de pai, Thomas Huxley (1825-1895). Este biólogo, feroz defensor dos princípios de Darwin [100], transmitiu esses conceitos aos seus netos para que o mundo inteiro beneficia-se com eles. Acrescentemos ao anterior que a rede e os vínculos que unem a família mundialista são realmente estreitos já que um dos estudantes de Thomas Huxley se chamava, nada mais nada menos que…., H.G. Wells [101].

A análise desta espécie de passagem de testemunho, de geração em geração, permite uma melhor compreensão da permanência do mundialismo e do avanço da sua força. Podemos ver agora a ligação entre a passada acção daqueles personagens e a funda ção d a WWF em 1961. Esta última deve-se, com efeito, a Julian Huxley [102]. A WWF contribui para a divulgação desse ideal panteísta e constitui um dos braços de acção do mundialismo. Não é por acaso que o primeiro presidente do WWF foi precisamente… o príncipe Bernard, também dirigente do Grupo de Bilderberg [103], a que presidiu de 1962 a 1976. Entre as pessoas que presidiram ao WWF encontra-se também John Loudon, que, tal como John Kerr, foi além disso presidente da companhia petrolífera Royal Dutch Shell. Este conglomerado petrolífero anglo-holandês é um dos viveiros da Nova Ordem Mundial. Há que precisar, ademais, que o príncipe Filipe, marido da rainha de Inglaterra Isabel II, também dirigiu o WWF de 1981 a 1996.


David Rockefeller, Sr. (1915-…)

A esta lista de actores, proveniente de uma grande tradição político-comercial, podemos juntar a Trilateral, criada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski (ambos membros do CFR), sendo este último mentor do actual presidente americano Barack Obama.

A Trilateral agrupa três zonas geográficas economicamente desenvolvidas : América do Norte, Europa e Japão. Brzezinski, que lembra que personalidades francesas como Simone Veil, Robert Marjolin, Raymond Barre e inclusivé Hubert Vedrine deram o seu apoio à Trilateral, acrescenta que os Estados se vêm « ante problemas cada vez mais partilhados – financeiros, económicos e estratégicos – e que têm cada vez menos possibilidades de os resolver, sem entrar numa concertação mais estreita com outros parceiros, no seu próprio interesse e no do resto do mundo ».

Como meio de enfrentar esses desafios, o autor precisa que a Trilateral deu, inclusivé, origem à criação do G-7 [104]. As estreitas relações da Trilateral com o mundo industrial e o dos thinks-tanks evidenciou-se, em particular, com a Red e Política Transatl â ntica (a TPN, sigla em inglês) [105]. De facto, o presidente do ramo europeu da Trilateral, Peter Sutherland, preside alé do mais ao braço europeu da TPN. Este irlandês dirigiu também o Goldman Sachs [banco americano], que por sua vez determina, por baixo da mesa, a política económica do presidente Obama, e também foi, entre outras coisas, chefe da Comissão da Concorrência(da CE-ndT) (de 1985 a 1989) sob a presidência de Jacques Delors [106].

Para rematar, a cereja em cima do bolo, Peter Sutherland é também o director da escola fabiana London School of Economics [107]. O ciclo fecha quando sabemos que John Kerr – já mencionado anteriormente– é também membro do ramo europeu da Trilateral [108].

Como já temos constatado, as elites políticas e económicas têm convergido, desde há muito tempo, no sentido da instauração de uma Ordem Mundial Unificada [109]. Entretanto o panorama ficaria incompleto se faltassem aqui as declarações das autoridades da Igreja Católica.
Uma Igreja Católica ao serviço da Nova Ordem Mundial

Sejamos crentes ou não, certo é que o estudo dos princípios de base de qualquer confissão deve realizar-se com toda a objetividade. Há que estudar os preceitos que defende e observar se o seu discurso e acção correspondem, ou não, à sua doutrina. No caso da Igreja Católica, o conceito defendido desde há 2000 anos baseia-se no primado de Deus sobre o homem.

As Escrituras e a tradição constituem a base intocável, o cerne da fé segundo os termos consagrados, definidos pelo sucessor de São Pedro, o Papa. Marcado pelo pecado original, o homem deve aceitar submeter-se a uma autoridade superior e obedecer ao conjunto de preceitos que a Igreja Católica defende. Estes princípios são imutáveis. Quando não se está de acordo com estes princípios, deixa-se a Igreja católica. Tal o caso de numerosas igrejas protestantes.

Um mudança fundamental dá-se, no entanto, com o Concílio Vaticano II (1962- 1965). Este concílio foi o resultado de uma grande corrente de reflexões proveniente não só de numerosos homens da igreja, mas também de personagens exteriores a ela, desde o século XIX.

No final de uma longa luta entre os defensores da tradição e os progressistas, estes últimos conseguiram impôr a sua própria visão durante a grande reforma do Vaticano II. Tratava-se, para eles, de adaptar a igreja às múltiplas inovações políticas, técnicas e sociais que marcavam a evolução do mundo. Para os defensores da tradição exactamente o contrário. É o mundo que tem que adaptar-se aos princípios da igreja. A humanização, que deveria levar à promoção dos direitos humanos, a sua colaboração com as instâncias internacionais, foram claramente expressas em 1963 na encíclica Pacem in Terris do Papa Juan XXIII [110]. Recordando os progressos da ciência e da técnica que levam a « intensificar a sua colaboração e a fortalecer a sua união » dentro do género humano, trata-se de fortalecer o « bem comum universal » que os Estados não conseguem já garantir sozinhos, segundo a encíclica.

É por isso que o documento acrescenta, muito lógicamente, que « na nossa época, o bem comum universal coloca problemas de dimensão mundial. Só podem ser resolvidos por uma autoridade pública cujo poder, composição e meios de acção tenham também dimensão mundial e que possa exercer a sua acção sobre o planeta inteiro. É portanto da ordem moral o que exige a constituição de uma autoridade pública com competência universal ».

Depois de exprimir o seu desejo que esse « poder supranacional » não fosse instaurado pela força, a encíclica aprova a Declaração de Direitos Humanos de 1948, com excepção de algumas objeções. Acrescenta que « Consideramos esta Declaração como um passo para o estabelecimento de uma organização jurídico-política da comunidade mundial » [111].

Esta mudança de rumo da Igreja Católica é a marca registada de todos os Papas desde o Vaticano II. Na sua mensagem de natal de 2005, o actual Papa Bento XVI exorta os homens a empreender « a edificação de uma Nova Ordem Mundial » [112]. É pois totalmente lógico que Bento XVI tenha lançado um apelo para o estabelecimento de uma « autoridade política mundial » na sua encíclica Veritas in caritate [113], em Julho de 2009. Recordando a inter-dependência mundial, o Papa apela « com urgência à reforma da ONU tal como da arquitectura económica e financeira internacional com vista a converter numa realidade concreta o conceito de família de nações (…) » [114].
Indo para uma Assembleia Parlamentar Mundial

A criação de grandes uniões políticas regionais, regendo-se por leis comuns, como diferentes componentes dum Estado mundial teria que estar representada no seio de uma assembleia única. Esse é o objectivo da « Assembleia Parlamentar das Nações Unidas » (APNU) [115].

Esta ambição é a continuação lógica dos sonhos de unificação mundial defendida pelos teóricos do mundialismo (fabianos e associados). Nada aparece por acaso. Os acontecimentos, personagens e institutos do passado dão os seus frutos, que conduzem à construção dessa espécie de torre de Babel. Por conseguinte, o acionar do WFN (World Federalist Movement-Movimento Federalista Mundial, ndT), criado como já vimos em 1947 em Montreux, inscreve-se na lógica do trabalho que já vinha sendo realizado.

Da mesma maneira, o WFN deu origem, em 1992, à elaboração do primeiro grande documento que exorta ao estabelecimento de uma assembleia parlamentar mundial no seio das Nações Unidas : The case for a United Nations Parliamentary Assembly (« O objectivo de uma assembleia parlamentar de Nações Unidas ») por parte do canadiano(canadense-Br) Dieter Heinrich [116].

Inúmeros trabalhos e conciliábulos desenrolaram-se posteriormente no senado canadiano, no Parlamento Europeu, durante o Fórum do Milénio do ano 2000 em Nova Iorque, no 12º congresso da Internacional Socialista, etc., para terminar, em Setembro de 2003, com a criação de um « Comité por uma ONU democrática ». Remetemo-los aqui para a versão em alemão já que, como veremos, as autoridades políticas alemãs desempenham nisto um papel de primeiro plano : Komitee für eine Demokratische UNO (KDUN) [117].

O KDUN é a fachada de proa de um comité executivo [118] que trabalha para a criação de um Parlamento Mundial. Os seus trabalhos contam com a participação de outro instituto já mencionado anteriormente : o WFM. A isto é preciso juntar a « Sociedade dos Povos Ameaçados » (Gesellschaft für bedrohte Völcker), instituto alemão que trabalha pela emancipação dos grupos étnicos e colabora estreitamente com a UFCE (União Federalista das Comunidades Étnicas Europeias) [119] e com uma ONG inglesa, a 2020 Vision Ltd [120].

O KDUN, que tem a sua sede em Berlim, anuncia as suas aspirações quando estipula nos seus estatutos a sua intenção de construir uma sociedade cosmopolita que favoreça as integrações continentais [121]. No seu comité de direcção encontramos representantes provenientes dos meios políticos e científicos. Há que sublinhar que todas as correntes políticas alemãs estão representadas nesse comité de direcção, com excepção dos ex-comunistas (die Linke) [122]. Também encontramos nesse comité um personagem chave, Armin Laschet. Este político deu origem ao relatório, elaborado em 2003, em que se apela a dotar a União Europeia de uma sede permanente [123] após a adopção do « Tratado Giscard » (actualmente conhecido como « Tratado de Lisboa »). Exerce uma influência decisiva já que dirige também o comité de direcção do Prix Charlemagne(Prémio Carlos Magno-ndT [124]. Por outro lado, a presença do eurodeputado alemão Jo Leinen no seio da direcção do KDUN é, particularmente, significativa na medida em que o próprio Leinen desempenhou um papel determinante na adopção do Tratado de Lisboa [125].

Foi em Abril de 2007 que o KDUN lançou a sua campanha a favor de um Parlamento Mundial, sob a direcção do seu presidente, Andreas Bummel. Autor de um livro intitulado Internationale Demokratie Entwickeln (« Desenvolver a democracia internacional ») [126], Bummel é um ex-membro do partido liberal alemão, o FDP, cujo presidente, Guido Westerwelle, é o ministro das Relações Exteriores(Negócios Estrangeiros-Pt/Lu,ndT) do governo de Angela Merkel desde Setembro de 2009. É, ainda, colaborador da « Sociedade dos Povos Ameaçados », dirigida por Tilman Zulch (membro do comité de direcção do KDUN) e do World Federalist Movement (WFM) de Nova Iorque [127].

Todos estes personagens trabalham para lograr a instauração desse novo orgão mundial. Como se declara nos textos oficiais : « (…) A APNU poderia formar-se, numa primeira etapa, com delegados dos parlamentos nacionais e regionais que reflictam as suas posições políticas. Uma APNU incluiria, pois, membros de partidos minoritários que não fazem parte do governo. Numa etapa posterior, a APNU poderia ser eleita directamente. Uma APNU seria assim um orgão único e legítimo que representaria a voz dos cidadãos sobre questões de ordem internacional. Os participantes na campanha consideram que uma APNU, depois de criada, evoluiria de simples orgão de consulta, para converter-se num parlamento mundial com real direito de informação, participação e controlo » (…) [128].

Estas ambiciosas perspectivas para a APNU, expostas abertamente, ampliam-se ainda mais quando se recorda o apoio trazido por Bento XVI ao estabelecimento de uma « autoridade política mundial ». Obviamente, os dirigentes da APNU saudaram de forma entusiástica a encíclica papal [129].
Conclusão

Esta breve descrição da história dos paladinos do mundialismo remontando da Idade Média até ao início do século XXI sublinha que esta tendência é muito antiga. Ela repousa sobre uma cupidez sem limites, e a prossecução de um ideal de controlo completo das riquezas planetárias. Esta evolução foi avançando à medida que o « clero » mundialista, sucessor de Nimrod (segundo a Bíblia, rei babilónio que fez construir a Torre de Babel para desafiar Deus, NdT), conseguia impôr o seu modo de pensar a favor da nova ordem mundial. Após a queda do muro de Berlim, os acontecimentos aceleraram ; a crise também. A década de 2010 será decisiva para o género humano porque o mundialismo, segundo a doutrina destas elites, é um messianismo iluminado.
Pierre Hillard

Tradução Alva para Rede Voltaire

Documentos anexados
   
« Internationale Demokratie entwickeln » / « Developing International Democracy », von/by Andreas Bummel

   
« Philip Dru : Administrator, A Story of Tomorrow, 1920-1935 », by Edward Mandell House

   
« The Anglo-American Etablishment », by Carroll Quigley

   
« The History of the Fabian Society », by Edward R. Pease

   
 

 

« The New World Order », by H.G. Wells


   
« The Open Conspiracy », by H.G. Wells

   


 

 

 

« Union Now : A Proposal for a Federal Union of the Democracies of the North Atlantic », by Clarence Streit

   
 

« Wall Street and FDR », by Antony Sutton

   
 

 

« Wall Street and the bolshevik revolution », by Antony Sutton

   
 

« Wall Street and the rise of Hitler », by Antony Sutton

 

 

 

 

[1] «U.S move sows confusion in EU», por Charles Forelle, The Wall Street Journal, 2 de Fevereiro de 2010.

[2] Sítio oficial do Eurasec.

[3] «L’Union douanière, créée par la Russie, le Kazakhstan et la Biélorussie»(em francês-A união alfandegária criada pela Rússia, Cazaquistão e Bielo-Rússia, ndT), dossiê da Ria Novosti.

[4] «Eurasie: le président kazakh prône la création d’une monnaie unique, l’evraz», Ria Novosti, 11 de Março de 2009

[5] «CEEA: la création d’une monnaie unique au menu d’entretiens russokazakhs »(CEEA: criação duma moeda comum na agenda das conversações russocazaques, ndT), Ria Novosti, 14 de Março de 2009.

[6] Sítio oficial da UNASUR.

[7] A 26 de Novembro de 2008, aquando de uma reunião em Caracas, alguns países da América do Sul decidiram preparar o terreno criando o « Fundo de estabilização e de reserva »; quer dizer uma unidade de conta chamada « SUCRE » (Sistema Unitário de Compensação Regional). Esta unidade de conta refere-se também a Antonio José de Sucre (1795-1830) que foi um dos lugares-tenentes sob as ordens de Simon Bolivar (o libertador da América do Sul do domínio Espanhol, ndT).

[8] Página oficial da Assemblée Parlementaire Euro-Latino Américaine (Assembleia Parlamentar Euro-Latino Americana,ndT) .

[9] Sítio oficial do SICA.

[10] Sítio oficial da Union africaine.

[11] Sítio oficial do NEPAD.

[12] Descrição da Union africaine no site do ministério francês dos Negócios estrangeiros.

[13] Sítio oficial do GCC.

[14] «Proposed GCC currency name ‘too general’», Trade Arabia, 16 de Dezembro de 2009.

[15] «A China espera popularizar o yuan no seio da Asean», Les Echos, 31 de Dezembro de 2009.

[16] Site oficial do PSP.

[17] La marche irrésistible du nouvel ordre mondial – (A marcha irresistível da nova ordem mundial, ndT), por Pierre Hillard (Editions François-Xavier de Guibert, 2007), p. 21.

[18] Ibid., pp. 86-87.

[19] La décomposition des nations Européennes: De l’union euro-Atlantique à l’Etat mondial – (A decomposição das Nações Europeias: Da União Euro-Atlântica ao Estado Mundial, ndT), por Pierre Hillard (Editions François-Xavier de Guibert, 2005), p. 137 e La marche irrésistible du nouvel ordre mondial, op. cit, p. 79.

[20] «Résolution du Parlement européen sur l’état des relations transatlantiques après les élections qui ont eu lieu aux États-Unis» (Resolução do Parlamento europeu sobre o estado das relações transatlânticas após as eleições americanas,ndT) (2008/2199(INI)), Réseau Voltaire, 23 de Março de 2009.

[21] «La Russie et la Chine proposent une monnaie commune globale» (A Rússia e a China propõem uma moeda comum, ndT), Réseau Voltaire, 11 de Julho de 2009.

[22] A revista The Economist de Janeiro de 1988 anunciava o lançamento de uma moeda mundial chamada «fénix» para 2018. Estamos dentro do prazo.

[23] «Discours d’acceptation» (Discurso de tomada de posse, ndT), por Herman von Rompuy, Réseau Voltaire, 19 de Novembro de 2009.

[24] As reivindicações étnicas e religiosas, assim como a oposição entre regiões ricas e regiões pobres, acelerarão a decomposição dos Estados no mundo. Este fenómeno explica-se, em particular, em razão da transferência da autoridade suprema para as uniões políticas regionais ás custas dos Estados que não terão mais razão de existir. O desaparecimento dos Estados será planetária. Já, certos dirigentes de Estados federados dos EU do Texas e de Vermont mostram desejo de secessão. No que toca à Europa, a Bélgica com a Flandres ou a Espanha com a Catalunha constituem os riscos maiores. Estas reivindicações regionalistas conduzindo ao retalhar dos Estados são necessárias para levar à realização da nova ordem mundial.

[25] Até ao começo de Janeiro de 1973, a França partilhava o poder de emitir moeda com bancos privados. Para financiar a construção de casas populares por exemplo, o Estado francês recebia emprestado do Banco Central (estatal) que emitia, para a ocasião, este dinheiro. Uma vez acabado o projecto social, o Estado pagava a sua dívida enquanto o banco destruía o dinheiro criado para tal, mas o ponto chave em todo isto era não cobrar juros. Agora, o Estado proibiu-se a si próprio de contrair empréstimos do Banco Central (estatal) com o artigo 25 da lei Pompidou-Giscard d’Estaing de 3 de Janeiro de 1973. Priva-se, pois, a si mesmo de emitir moeda tendo que recorrer a empréstimos dos bancos ou financeiros privados, mas que cobram juros elevados. Por consequência, esta política impede uma verdadeira política social pondo os investimentos públicos num custo elevadíssimo e levando ao mesmo tempo ao aumento brutal da dívida pública. Este princípio inscrito no Tratado de de Maastricht (1992) no artigo 104 foi transposto para artigo 123 do Tratado de Lisboa. Quer dizer os Estados da União Europeia estão, pois, totalmente dependentes da oligarquia financeira.

[26] Uma larga parte deste capítulo apoia-se nos trabalhos do historiador americano Carroll Quigley (1910-1977) professor (entre outras) na universidade de Georgetown: The anglo-american Etablishment, GSG § Associates, 1981. Ele foi, em particular, professor de … Bill Clinton.

[27] O lançamento em Julho de 2009 de um projecto de paneis solares na África do Norte e no Médio-Oriente para gerar electricidade a partir da energia solar com vista a ser exportada para a Europa concretizou-se no quadro do programa «Desertec». O ramo alemão do Clube de Roma, o centro aeronáutico e espacial alemão e o príncipe Hassan bin Talal da Jordânia contribuíram fortemente para o projecto. Indirectamente, esta política energética vai contribuir para integrar mais estes países do sul do Mediterrâneo com a União Europeia e pouco a pouco também com o eixo Euro-Atlântico no âmbito de uma interdependência.

[28] É o caso do «Corridor de Nasco» com a emergência de um bloco Norteamericano

[29] Os beneficiários das bolsas de estudo Cecil Rhodes nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Austrália, na África do Sul, etc…, são listados nos sítios internet destas diferentes escolas.

[30] A partir da segunda metade do século XIX , a equipe de Cecil Rhodes controlava o Times de Londres, jornal reservado às elites políticas e económicas britânicas que, por sua vez, eram também na maior parte membros desta vasta aristocracia comercial. Isto chama-se trabalhar em circuito fechado.

[31] Anglo-american Etablishment, op. cit, p. 169.

[32] A expressão «grupo Milner» é utilizada para evocar os personagens políticos, económicos, militares e jornalísticos rendidos aos ideais de Alfred Milner e do seu mentor, Cecil Rhodes.

[33] Ibid., p. 133.

[34] Nós apoia-mo-nos nos trabalhos de Edward R. Pease, The History of the Fabian Society- (A História da Sociedade Fabiana, ndT)- (EP Dutton and Company, 1916), obra bastante reeditada.

[35] Site oficial da Fabian Society.

[36] Robert Owen apoiava-se nos princípios do filósofo Platão, em particular da obra A República, defendendo o ideal de uma sociedade aristocrática dirigida pela elite, eliminando o casamento e favorecendo acima de tudo a reprodução dos melhores. Esta teoria fez seguidores. Encontra-se estes conceitos em o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, 1984 de Orwell ou ainda em certas obras de Herbert George Wells, membro dirigente da sociedade fabiana

[37] A universidade de Oxford tornou-se um dos centros de recrutamento das elites graças ás «bolsas de estudo Cecil Rhodes» para a Grã-Bretanha.

[38] Guardemos no espírito que tudo está ligado.

[39] No início do século XXI, 200 deputados britânicos pertencentes à sociedade fabiana como o antigo Primeiro-ministro Tony Blair (promotor da política económica chamada de «3ª via», princípio fabiano por excelência) ou Gordon Brown.

[40] Ele parece não ter aí encontrado satisfação.

[41] Obra aparecida em 1928, reeditada em 1931 sob o título What are we to do with our Lives? (O que faremos com as nossas Vidas?-ndT).

[42] The War That Will End War (A Guerra que acabará com as Guerras, ndT), por H. G. Wells. Versão francesa: La destruction libératrice (A destruição Libertadora, ndT), reeditada pelas Editions Le passé du futur, Grama, Bruxelles, 1995, p. 214.

[43] Ibid., p. 134: «Foi numa atmosfera ligeiramente incrédula que arrancou a reunião que devia instaurar a nova ordem mundial».

[44] The New World Order (em inglês, A Nova Ordem Mundial-ndT), por H.G Wells, reeditado por Filiquarian Publishing, LLC, em 2007.

[45] A maior parte dos responsáveis económicos da administração Obama vem da Pilgrim Society.

[46] Ver The Anglo-American Etablishment, op. cit, p. 82 e página 117 e seguintes.

[47] Sítio oficial da Round Table.

[48] A empresa JP Morgan, pilar da finança anglo-saxónica, foi fundada por John Pierpont Morgan (1837-1913).

[49] Ver as obras do extraordinário Antony Sutton (1925-2002), pesquisador no instituto Hoover e na universidade de Stanford, descrevendo o apoio de Wall Street aos três elementos seguintes: Wall Street and the bolshevik revolution (Wall Street e a revolução bolchevique,ndT), Arlington House, 1974; Wall Street and FDR (ndlr: Franklin Delano Roosevelt)-(Wall Street e F.D. Roosevelt,ndT) e Wall Street and the rise of Hitler (Wall Street e a ascenção de Hitler, ndT). É preciso juntar também a esta série em três volumes: Western technology and soviet economic development 1917-1930 (Tecnologia Ocidental e desenvolvimento económico soviético, ndT) ; Western technology and soviet economic development 1930-1945 e Western technology and soviet economic development 1945 to 1965, provando, a partir de uma documentação de primeira mão, o apoio económico e financeiro do ocidente à União soviética e seus satélites.

[50] Nós convidamos o leitor a interessar-se por Basil Zaharoff (1850-1936), que fez fortuna vendendo armas aos actores do conflito de 1914-1918.

[51] Wall Street and the bolshevik revolution (Wall Street e a revolução Bolchevique, ndT), op. cit, p. 57.

[52] Ibid., pp. 83.

[53] Ibid., p. 82. É interessante notar que Harry Hopkins (1890-1946) que se tornou mais tarde a eminência parda do presidente Roosevelt, foi o intermediário entre a Cruz Vermelha americana dirigida por William Boyce Thompson, em Petrogrado em 1917, e a sua representação em Washington in Ibid., p. 72.

[54] Ibid., pp. 89-100. O memorando de William Boyce Thompson apresentado a Lloyd George pode ser lido integral na página 197 e seguintes no paragrafo intitulado «Document 4».

[55] Pétrole, une guerre d’un siècle – (Petróleo, uma guerra de um século, ndT), por William Engdahl (Edições Jean-Cyrille Godefroy, 2007), p. 94 e seguintes.

[56] Wall Street and the rise of Hitler – (Wall Street e a ascensão de Hitler,ndT) , op. cit, ver os capítulos de 1 a 5 em particular a página 47.

[57] The Anglo-American Etablishment, op. cit, p. 182.

[58] Além da Grã-Bretanha e seus domínios, Lionel Curtis não hesitava juntar-lhes: a França, os países escandinavos, a Irlanda, o Egipto, a India, a Bélgica, os Países- Baixos, o Canadá e os Estados-Unidos. Estes planos foram apresentados no seu livro aparecido numa única edição em 1938: The Commonwealth of God in The Anglo- American Etablishment, op. cit, pp. 282-283. (A Comunidade de Deus, ndT)

[59] Union Now: A Proposal for a Federal Union of the Democracies of the North Atlantic (Unidade Já: Proposta para a União Federal das Democracias do Atlântico Norte, ndT), por Clarence Streit (Harper & Brothers Publishers, 1939).

[60] The Anglo-American Etablishment, op. cit, p. 283.

[61] «Comment le Conseil des relations étrangères détermine la diplomatie US», Réseau Voltaire, 25 de Junho de 2004 (Como o Conselho de Relações Exteriores- CFR- determina a diplomacia dos EU, NdT).

[62] O presidente Wilson chamava-o o seu «alter ego».

[63] Wall Street and FDR, op.cit, p. 92 e seguintes.

[64] Ver o nosso livro La Marche irrésistible du nouvel ordre mondial, op.cit, p. 14 e pp. 80-81 (A Marcha irresistível da nova ordem mundial, ndT). Philip Dru, administrator (Philip Dru, administrador-ndT), por Edward Mandell House, reedição Robert Welch University Press, 1998.

[65] La Paneurope, por Anne-Marie Saint Gille (Presses de l’université de Paris Sorbonne, 2003), pp. 130-131

[66] O envolvimento de Aristide Briand ao lado da Paneuropa dedicada aos princípios federalistas e regionalistas, num quadro político mundial unificado permite compreender melhor o discurso do representante francês na Assembleia geral da Sociedade das Nações, a 5 de Setembro de 1929, apelando a um «laço federal» entre os Estados europeus.

[67] O representante inglês aquando deste congresso pan-europeu de 1926, A. Watts, era membro do Royal Institute of International Affairs(Chatham House-ndT), vindo do «grupo Milner» na La Paneurope, op. cit, p. 148.

[68] «Richard de Coudenhove-Kalergi (1894 -1972)», no sítio internet da associação PanEurope-France.

[69] A Paneurope jogou um papel determinante na elaboração de todos os textos em favor da protecção dos grupos étnicos. Ver a nossa obra Minorités et régionalismes dans l’Europe Fédérale des Régions -(Minorias e Regionalismos na Europa Federal das Regiões, ndT)- (Editions François-Xavier de Guibert, 4è édition, 2004) e no livro, o capítulo intitulado «L’union Charlemagne»- (A união Carlos Magno, ndT)- p. 75 e seguintes.

[70] «Richard Coudenhove-Kalergi» no sítio internet da European Society Coudenhove-Kalergi.

[71] Sítio internet oficial da associação Paneuropa.

[72] Ler o seu discurso profético no anexo 11 de La Décomposition des nations européennes (A decomposição das Nações Europeias,ndT); em particular a passagem onde Coudenhove apela para a instauração de uma «união atlântica», uma Federação a três» segundo a sua expressão, «a Inglaterra é a ponte entre a Europa e a América». É exactamente isto que é perseguido pelas instâncias de Bruxelas e de Washington de uma maneira acelerada desde 1990. Ver a lista completa dos beneficiários do Prémio Carlos Magno no site do Comité.

[73] Wall Street and the rise of Hiter, op. cit, capítulo 2 «The Empire of IG Farben», p. 33- (Wall Street e a ascensão de Hitler – « O Império da IG Farben», NdT).

[74] Wall Street and the bolshevik revolution, op. cit, pp. 125-126- (Wall Street e a revolução Bolchevique, NdT).

[75] Ibid., p. 126.

[76] Ibid., p. 60.

[77] Ibid., pp. 61-62

[78] Ibid., p. 50.

[79] Há que acrescentar também que Hjalmar Schacht é o promotor da existência do Banco de Pagamentos Internacionais-(inglês: Bank for International Settlements BIS). Antony Sutton relata acerca de uma reunião determinante, que teve lugar a 20 de Fevereiro de 1933 na residência de Hermann Goering, que permitiu na presença de Adolf Hitler, arrecadar os fundos para financiar o partido nazi. Os mais importantes patrões da indústria alemã estavam presentes e alinharam com as somas necessárias (Krupp von Bohlen, Albert Voegler, von Loewenfeld, …); tudo isto sob a direcção de Hjalmar Schacht, em: Wall Street and the rise of Hitler (inglês-Wall Street e a ascensão de Hitler,ndT), op. cit, pág. 108.

[80] Antony Sutton evoca entre outras a influência determinante de Gerard Swope (1872-1957), presidente da General Electric Company, que permite a política socializante do presidente Roosevelt em Wall Street and FDR (Wall Street e F.D. Roosevelt,ndT), op.cit, p. 86.

[81] Carroll Quigley explica, entre outras, as infiltrações no seio do aparelho político americano da parte de JP Morgan em Tragedy and Hope. A History of the World in Our Time -(Tragédia e Esperança. Uma história do mundo no Nosso Tempo, ndT)- (GSG and Associates, 1966), p. 938.

[82] O Primeiro-ministro inglês proferiu as declarações no seu discurso de Zurique que estão na linha do mundialismo a julgar por estes extractos: «(…) A União europeia fez muito para chegar a este objectivo e este movimento deve muito ao conde Coudenhove-Kalergi e a esse grande patriota e homem de Estado francês que foi Aristide Briand (…). Nós os Britânicos, temos a Commonwealth. A organização do mundo não se encontra enfraquecida, mas pelo contrário reforçada e encontra aí, na realidade, os pilares mestres. E porque não deveria haver um agrupamento europeu que daria a povos distantes uns dos outros o sentido de um patriotismo maior e uma espécie de nacionalidade comum? E porque uma associação europeia não poderia ocupar o lugar que lhe pertence no seio de outros agrupamentos e contribuir para a direção da barca da humanidade? (…). Apelando a uma reconciliação francoalemã, Churchill acrescenta num espírito fabiano: « É preciso que o nosso objectivo permanente seja o de acrescentar e reforçar o poderio da ONU. Temos de criar a família europeia dotando-a de uma estrutura regional colocada sob a égide desta organização mundial, e esta família poderá então chamar-se os Estados Unidos da Europa» (…) in George C. Marshall, Points de repère, Lausanne, 1973

[83] A influência federalista faz-se sentir por intermédio de Europeus convictos como Denis de Rougemont, Henri Brugmans e Alexandre Marc.

[84] Do lado americano, desde 1924, Rosika Schwimmer e Lola M.Lloyd defendendo a causa das mulheres (direito de voto, etc) organizaram a primeira assembleia constituinte mundial devendo ser eleita pelos povos afim de redigir uma constituição mundial. Esta iniciativa foi relançada em 1937 em Chicago com uma campanha a favor de um governo mundial. Seria muito interessante saber quem financiou tais projetos. Em seguida, outros Americanos prepararam os espíritos a favor de um mundo unido: Emery Reves, autor de Anatomy of Peace (em inglês-Anatomia da Paz,ndT) defendendo a ideia de um governo mundial (ele foi também o agente literário de Winston Churchill); o político Wendell Wilkie com o seu livro One World (inglês- Um só Mundo,ndT);o advogado Clark Grenville autor de World Peace through World Law (em inglês-Paz Mundial através de Lei Mundial,ndT) ; o jornalista Norman Cousins; o jornalista e senador democrata Alan Cranston e o filósofo Robert Hutchins.

[85] Apresenta çã o do World Federalist Movement no seu sítio internet

[86] Declaração de Montreux de 23 de Agosto de 1947.

[87] Ver o nosso livro La Fondation Bertelsmann et la gouvernance mondiale (A Fundação Bertelsmam e a governança mundial, NdT) (Edições François-Xavier de Guibert, 2009), pp. 95-96 e «Geschichte der Europa-Union Deutschland no sítio internet de Europa Union Deutschland.

[88] «The history of Federal Union» ( A História de uma União Federal,ndT) no sítio internet da associação.

[89] «Regional Federalism» (Federalismo Regional,ndT) no sítio internet do World Federalist Movement.

[90] Site oficial de Andrew Duff.

[91] «ECFR’s Board and Council» no sítio internet do European Council on Foreign Relations.

[92] «Création accélérée d’un Conseil européen des relations étrangères», Réseau Voltaire (Rede Voltaire, em francês, NdT), 3 de Outubro de 2007.

[93] La Fondation Bertelsamann et la gouvernance mondiale, op. cit, p. 92 e seguintes (A Fundação Bertelsmam e a governança mundial, NdT).

[94] «Trustees» no sítio internet do Rhodes Trust.

[95] Entre os numerosos participantes, podemos destacar Richard de Coudenhove- Kalergi, Konrad Adenauer, Denis de Rougemont, Alcide de Gasperi, François Mitterrand, etc.

[96] «Histoire secrète de l’Union européenne» (em francês – História secreta da União Europeia,ndT), por Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 28 de junho de 2004. (Versão em castelhano – «Historia secreta de la Unión Europea», Rede Voltaire, 16 de Janeiro de 2005.

[97] Uma exceção todavia; a RTL Belga difundiu no seu jornal televisivo o exterior da reunião do Bilderberg em Junho de 2000 aquando da sua reunião em Genval no Brabante valão. Pode-se ver lá Dominique Strauss-Kahn ou ainda a rainha Béatrix dos Países-Baixos.

[98] «Top candidate debates EU tax at elite dinner», por Andrew Rettman, EU Observer, 16 de Novembro de 2001.

[99] O filme Avatar de James Cameron saído em Dezembro de 2009 é o protótipo deste espírito «gaïa». Uma tribo cheia enormes qualidades em relação aos humanos vindos para explorar o seu planeta extrai a sua força da natureza, mais precisamente de uma árvore, verdadeiro deus que dá a energia, tal como a tira.

[100] Thomas Huxley era chamado o «buldogue de Darwin».

[101] «H.G. Wells: Darwin’s disciple and eugenicist extraordinaire» (em inglês – H.G.Well’s: discípulo de Darwin e espantoso eugenista,ndT) por Jerry Bergman, em Journal of Creation, Dezembro de 2004.

[102] «WWF in the 60’s» no sítio internet do World Wild Fund.

[103] «Presidents – past and present» (Presidentes-presente e passado,ndT) no sítio internet do World Wild Fund.

[104] Le Figaro, 25 de Janeiro de 1999.

[105] Ver p. 137 (capítulo 28).

[106] «Peter Sutherland, Directeur général du GATT et de l’OMC de 1993 à 1995», no sítio internet da Organização mundial do Comércio.

[107] «Peter Sutherland», no sítio internet da Comissão trilateral.

[108] «Membership», no sítio internet da Comissão trilateral.

[109] Entre os numerosos domínios usados para a edificação da nova ordem mundial, podemos evocar o caso do Codex Alimentarius cujo objetivo é a de proceder a modificações ou à supressão de produtos entrando na composição alimentar (vitaminas, elementos minerais, etc….)

[110] Texto integral no sítio internet da Santa Sé.

[111] Ibid., ver os parágrafos de 130 à 145.

[112] «Message Urbi et Orbi du Saint-Père Benoît XVI», 25 de Dezembro de 2005, Vaticano.

[113] Texto integral no sítio internet da Santa Sé.

[114] Ibid., parágrafo 67.

[115] Sítio internet oficial da Campanha para a criação de uma Assembleia parlamentar das Nações Unidas .

[116] The case for a United Nations Parliamentary Assembly, por Dieter Heinrich, World Federalist Movement, outubro de 1992

[117] Sítio oficial do Komitee für eine Demokratische UNO.

[118] « Comité executivo » da Campanha para a criação de uma Assembleia parlamentar das Nações Unidas.

[119] Este instituto alemão está na origem dos textos chave a favor dos grupos étnicos na Europa; o Mapa das línguas regionais ou minoritárias e a Convençãoquadro para proteção das minorias. Ver o nosso livro Minorités et regionalisms (Minorias e regionalismos, NdT), op. cit. p. 142 e seguintes.

[120] Sítio oficial de 2020 Vision.

[121] «Satzung fur das Komitee fur eine demokratische UNO». Documento descarregável.

[122] «Associates des KDUN», no site internet do Komitee für eine Demokratische UNO.

[123] Relatório sobre as relações entre a Uni ã o europe ia e a organização das Nações Unidas [2003/2049 (INI)], relator Armin Laschet, 16 de Dezembro de 2003.

[124] Assinalemos também a presença de Hans-Gert Pöttering no seio do comité director do Prémio Carlos Magno, presidente da Fundação Konrad Adenauer, antigo presidente do Parlamento Europeu mas também antigo presidente da Europa Union Deutschland, filial da União dos Federalistas Europeus (a UEF criada em Montreux em 1947) dirigida em 2010 pelo deputado inglês ao Parlamento europeu Andrew Duff.

[125] Ver La Fondation Bertelsmann et la gouvernance mondiale, op. cit, p. 93 e seguintes (A Fundação Bertelsmam e a governança mundial, NdT).

[126] Internationale Demokratie entwickeln, por Andreas Bummel, Horizonte Verlag, 2005.

[127] «Andreas Bummel Der Vorsitzende de s Komitees für eine demokratische UNO», por Gerrit Wustmann, 11 de Fevereiro de 2008.

[128] « A próposito do projet o APNU », no sítio internet da Campanha para criação de uma Assembleia parlamentar das Nações Unidas.

[129] « Estudo : a criaçã o deum Parl a mento mundial e s t a r i a «plen a mente em harmonia com a doutrina papal » », 28 de Julho de 2009, Campanha para a criação de uma Assembleia parlamentar das Nações Unidas
Pierre Hillard

Pierre Hillard Doutor em Ciências Políticas e professor de Relações Internacionais. As suas investigações abordam, principalmente, a utilização da União Europeia como instrumento com vistas à formação do bloco euro-atlântico. Último livro publicado : Bertelsmann : Un empire des médias et une fondation au service du mondialisme (Bertelsmann : Um império dos média e uma fundação ao serviço do mundialismo, ndT)- ed.Francois-Xavier de Guibert, 2009).

Fonte : “História da «Nova ordem mundial»”, porPierre Hillard, Traduction Alva, Rede Voltaire, 18 de Outubro de 2013, www.voltairenet.org/article180616.html