Sabemos assim que o presidente Mahmoud Ahmedinejad voltará à sua profissão original, como professor universitário.[2] Quanto a isso, nenhum problema. A ironia é que a nova universidade propõe nova especialização, em engenharia nuclear, decisão que, evidentemente, foi aprovada pelo Líder Supremo Ali Khamenei.

O presidente eleito Hassan Rouhani está organizando seu gabinete e já praticamente não há dúvida de que trará de volta Bijan Zanganeh – o velho bruxo, ex-ministro do todo poderoso ministério do petróleo –, para comandar os negócios novamente – antecipando, presumivelmente, que a indústria precisa ser modernizada, tecnologicamente atualizada, esperemos que com tecnologia e investimentos ocidentais, de modo que o Irã possa afinal emergir como grande exportador, esperemos, para o mercado ocidental.

Evidentemente se vê a mão de Rafsanjani na reconvocação de Zanganeh? Sim, sim, sem dúvida. A palavra “pragmatismo” está em todos os lábios, o que explica o alto grau de interesse entre os países regionais, todos interessados em comparecer à cerimônia de posse, semana que vem. Representantes de 40 países já confirmaram presença, mas todos os olhos estão postos em Riad, tentando adivinhar quem representará o reino na posse, em Teerã – mas o jornal Asharq Al-Awsat[3] mantém o suspense.

Enquanto isso, no ocidente, o debate continua. Em termos gerais, pode-se dizer que já emergiram três linhas de pensamento – além das previsões catastrofistas de Israel, segundo as quais Rouhani seria “lobo em pele de cordeiro” (que ninguém está levando a sério).

Há um consenso geral segundo o qual o evento Rouhani é evento positivo. As surpreendentes revelações, pelo ex-embaixador da França em Teerã Francois Nicoulland, segundo o qual o currículo de Rouhani como negociador nuclear iraniano[4] destaca seus talentos e, simultaneamente, descortina amplas possibilidades para as próximas semanas, no front diplomático.

O timing do artigo do New York Times é fascinante. Pode-se praticamente garantir que o governo Obama conhece o conteúdo das revelações trazidas à luz por Nicoulland.

Mesmo assim, persistem os Santos Tomás da dúvida nos think-tanks norte-americanos que insistem que Rouhani não merece(ria) ‘confiança’[5] – signifique o que significar, porque diplomatas não costumam ‘confiar’ cegamente em ninguém. Andam claramente infelizes, agora que o governo Obama começa a ‘engajar’ o Irã. Mas essa linhagem de formadores de opinião está perdendo prestígio. Começam a ser vistos como “o time B” de Israel.

Chama a atenção quanto a isso que até o Financial Times, que jamais foi amigo do Irã, já tenha publicado editorial audacioso, introduzindo a ideia de que o Ocidente terá de usar a imaginação, em vez de continuar a provocar o Irã; que terá de ser racional e conciliatório nas negociações passo a passo (ideia já proposta, de fato, por Moscou). E o Financial Times reflete o pensamento dominante em Londres e Washington.[6] ***************

[1] http://news.xinhuanet.com/english/world/2013-07/29/c_125078494.htm

[2] http://www.bloomberg.com/news/print/2013-07-28/iran-s-ahmadinejad-to-set-up-university-after-exit-from-office.html

[3] http://www.aawsat.net/2013/07/article55311498/print/

[4] http://www.nytimes.com/2013/07/27/opinion/global/rouhani-and-the-iranian-bomb.html?_r=0

[5] http://gulfnews.com/opinions/columnists/iran-s-new-president-found-in-translation-1.1207180

[6] http://goo.gl/Vg28l5

Publicado em 29/7/2013, MK Bhadrakumar, Indian Punchline
http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2013/07/29/rouhanimania-grips-world-attention/

Traduzido pelo coletivo Vila Vudu