O mais recente incidente, de ontem, foi manchete do New York Times: “Israel ataca a Síria. EUA analisam alternativas”. O texto dizia que “Funcionário não identificado do governo dos EUA disse que Israel atacou um alvo na Síria, na 5ª-feira à noite. (Washington) analisa (suas) opções militares, inclusive o ataque.”

Para a agência Reuters, “o ataque aconteceu na 6ª-feira, depois de o gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovar, em reunião secreta na 5ª-feira à noite”.

Essas reuniões quase sempre sinalizam ação iminente. São feitas para formalizar a aprovação a mais um ataque.

A correspondente da rede CNN no Pentágono, Barbara Starr, disse que “EUA creem que Israel executou ataque aéreo à Síria, disseram à CNN dois funcionários do governo Obama. EUA e agências ocidentais de inteligência estão examinando dados secretos que mostram que é provável que Israel tenha atacado a Síria na noite de 5ª para 6ª-feira, segundo os mesmos funcionários. Há dados que já indicam que, no mesmo período de tempo, Israel movimentou várias aeronaves sobre o Líbano.”

Fonte não identificada do exército israelense disse que “faremos o que for necessário para deter a transferência de armas, da Síria para organizações terroristas. Já o fizemos no passado e faremos o que for necessário no futuro.”

Nada mais fácil que inventar pretextos. Washington e Israel sempre inventam pretextos para justificar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo o NYT, “o alvo não foi uma fábrica de armas químicas sírias.” O mesmo funcionário não identificado do governo Obama informou que um prédio foi atingido.

O jornal libanês Daily Star disse que “oito jatos israelenses violaram o espaço aéreo libanês no período de 14 horas, voando sobre grandes áreas do país, como anunciaram oficiais do exército.”

Todos os dias há jatos de Israel sobrevoando território alheio. Dessa vez foi diferente: os voos sobre o Líbano aconteceram “em grande altitude”. Começaram às 19h, hora local.

Dois jatos israelenses invadiram território libanês, à oeste de Sidon. Fizeram “manobras aéreas”. Partiram depois de quatro horas.

“Dez minutos” antes de partirem, “outros dois jatos de combate invadiram o espaço aéreo do Líbano, a oeste de Jounieh.” Fizeram manobras aéreas e retornaram a Israel depois da meia-noite.

“35 minutos depois da meia-noite, outra sortida de dois jatos que também invadiram espaço aéreo do Líbano”, perto de Beirute. Também executaram manobras aéreas. Partiram antes das 3h15 da madrugada.”

Às 6h da manhã, mais dois jatos israelenses sobrevoaram “todas as regiões do Líbano”. Partiram às 8h50.

Qualquer voo em espaço aéreo de nação estrangeira sem autorização viola a lei internacional. Israel faz exatamente isso, regularmente. O território libanês é violado praticamente todos os dias. São frequentes os sobrevoos de várias aeronaves. Em geral, são voos de reconhecimento. Outras vezes, atacam alvos em terra. Ou é guerra.

Matéria da agência Reuters diz, em manchete: “Israel confirma ataque à Síria e alega ter atingido mísseis do Hezbollah.”

No sábado, um militar israelense não identificado admitiu o ataque. A ideia de que visassem a atingir mísseis do Hezbollah é absolutamente sem sentido. (Adiante, mais sobre isso.)

A página DEBKAfile (DF), ligada ao Mossad israelense, publicou em manchete que “Força Aérea de Israel bombardeia fábrica de armas químicas sírias e outros alvos no Líbano, Golan”. O texto diz que os bombardeios foram feitos “do espaço aéreo libanês e do Golan, iniciados na 6ª-feira e continuados até a madrugada do sábado”. Segundo fontes dos EUA, “16 aeronaves da Força Aérea de Israel participaram da ação.”

“Algumas fontes dizem que o alvo dos ataques teria sido um comboio que transportava armas químicas para o Hezbollah”. Podem dizer o que queiram: nenhuma fonte israelense ou norte-americana tem qualquer credibilidade.

O mesmo DEBKAfile dizia que Washington forneceu a Israel “um vídeo demonstração” de sua bomba de penetração “aprimorada” (Massive Ordnance Penetrator – MOB).

Na 6ª-feira, o Wall Street Journal noticiou. Dizia que o Pentágono o fez “para combater o Irã”. A questão é atacar “suas [do Irã] instalações nucleares mais fortificadas e protegidas”. Fordow é muito bem defendida; todas as instalações são subterrâneas.

“Os militares dos EUA têm dito que o desenvolvimento dessa arma é fator crítico para convencer Israel de que os EUA podem impedir o Irã de construir bombas atômicas, caso a diplomacia falhe e que, assim, Israel não precisa atacar o Irã por iniciativa própria.”

Dia 3/5, Michel Chossdovsky escreveu que “a bomba de penetração MOP é apelidada “a mãe de todas as bombas”. O uso desse armamento inevitavelmente indicará guerra total contra o Irã, em cenário de escalada militar.”

Em outubro de 2009, “o Pentágono confirmou [sua intenção] de usar a ‘Mãe de Todas as Bombas’ [orig. ‘Mother of All Bombs’ (MOAD)] contra o Irã. É fórmula para produzir baixas em massa. Uma versão ‘aprimorada’ só fará matar ainda mais.

Essas bombas de penetração, MOABs, “são as verdadeiras armas de destruição em massa, no verdadeiro sentido da expressão. O objetivo desse tipo de arma é provocar destruição em massa de civis, com o objetivo de implantar o medo e o desespero entre as populações civis.”

É possível que Washington planeje usá-las contra a Síria, com o mesmo objetivo. Os EUA trabalham para destruir nações-alvo, com premeditação. Tem sido assim desde o final da 2ª Guerra Mundial.

Hoje, as armas são muito mais poderosas do que antes. Têm potencial de destruição para matar todos os seres vivos sobre a Terra. E pode acontecer planejadamente, ou por acidente.

Ainda não há detalhes sobre os recentes ataques israelenses. E não é a primeira ação ilegal do Exército de Israel. Com certeza, não será a última.

Em novembro passado, tanques israelenses atravessaram seis vezes a fronteira do Líbano, numa semana. Foram repelidos com mísseis antitanque e outras armas. Em fevereiro, jatos israelenses atacaram vários alvos sírios. Em todos os casos, alegaram ataques a comboios de armas e munições que viajariam da Síria para o Líbano.

A pergunta que ninguém faz é por que Assad enviaria munição e armas, de que precisa vitalmente, para o Líbano. Por quê?

Não faz sentido algum. Assad precisa de todas as suas armas. Se houvesse alguma verdade no que Israel diz, até Israel teria interesse em exibir provas. Não houve prova alguma.

Naquela época, DEBKAfile disse que Obama “deu luz verde a Israel”, para o ataque. O que comprovaria que Israel também opera nas guerras de Washington.

Israel e também a OTAN. Agressão direta, sem qualquer consideração à lei internacional é, há muito tempo, a política da aliança atlântica. Assim operam Israel e os EUA. Só as prioridades do império contam. Descartam a lei e todos os princípios  legais.

Guerra é meio de vida para esses países: os dois priorizam a guerra. São estados em guerra, estados de guerra e estados para a guerra. A Síria tem sido sistematicamente agredida. Pode já estar completamente destruída, antes do fim do conflito.

Os recentes ataques israelenses fazem subir as apostas em jogo. Vê-se claramente: de um lado, Israel exercita os ‘músculos’ militares. De outro, desafia a Síria a retaliar.

Se a Síria retaliar, disparará o gatilho da guerra total de intervenção, pelas forças de EUA-OTAN. É possível que Israel participe. Tudo pode acontecer, a qualquer momento.

Um porta-voz da embaixada de Israel em Washington, consultado, recusou-se a comentar o incidente da 6ª-feira.

Disse apenas que “Israel está decidida a impedir a transferência de armas químicas ou de qualquer tipo de armamento decisivo, da Síria para terroristas, especialmente para o Hezbollah no Líbano.”

Nada disso significa coisa alguma. É propaganda. Não há prova alguma de que a Síria possua, use ou esteja transferindo qualquer arma química.

Fabricam-se mentiras para aumentar a tensão. Tudo para empurrar a situação na direção de guerra total. Vê-se aí, bem clara, a imagem de uma Líbia 2.0. Pode começar a qualquer momento.

ATUALIZAÇÃO:

Na madrugada desse domingo, Israel bombardeou a Síria pela segundo dia consecutivo. Grandes explosões foram sentidas em Damasco, e seguiram-se grandes incêndios.

Washington e Israel são corresponsáveis por mais esse crime. À primeira vista, os ataques sugerem o início da intervenção em grande escala, na Síria. Ainda não se pode saber com certeza. Continuaremos acompanhando os eventos.

5/4/2013, Midia With Conscience, MWC
http://mwcnews.net/focus/politics/26704-america-and-israel.html