Primeira edição da “Tribuna Operária”, publica em 18 de outubro de 1979

O jornal tinha como público alvo principal a classe operária, mas também era lido por camponeses, sindicalistas, estudantes, professores, jornalistas etc. Com uma equipe pequena de redatores conseguia noticiar em suas páginas as grandes e pequenas lutas populares que pipocavam por todo  o País porque contava com uma grande rede de colaboradores, conhecidos como “tribuneiros”. A Tribuna Operária falava de assuntos que eram tabus na grande imprensa burguesa, como a exploração nas fábricas e a organização  dos operários, a força dos movimentos populares contra a carestia e por mais moradia, os acordos ditadores de plantão que feriam a soberania brasileira, a pistolagem escancarada contra lideranças rurais, as greves no campo etc.

Havia um outro diferencial neste jornal: duas páginas eram destinadas às cartas dos leitores, na seção “Fala o Povo”. Pessoas dos mais diferentes segmentos da população, desde o operário de fábrica do ABC paulista até o seringueiro da Amazônia, passando pela dona de casa da favela carioca e pelo estivador de Recife, cada qual com seu estilo e até mesmo grafias incorretas, escreviam mostrando um mundo carregado de exploração e sofrimento. Escolhiam a Tribuna Operária para se manifestar porque era o jornal que defendia os oprimidos e ensinava o caminho para o fim daquela situação. Por outro lado, os poderosos e aqueles que teimavam em manter um regime de obscurantismo no Brasil perseguiam esta tribuna que ecoava junto aos humildes. O jornal foi atacado a bomba, apreendido e ameaçado, mas  para cada golpe sofrido havia uma reação mais forte dos trabalhadores e democratas na sua defesa. Isso permitiu que superasse os desafios mais críticos neste período de grandes mobilizações populares.

O “Centro de Documentação e Memória (CDM)” da Fundação Maurício Grabois quer recuperar esta experiência rica de ensinamentos e de exemplos de abnegação e dedicação editando um livro sobre o jornal Tribuna Operária. Neste projeto, inicialmente, estão envolvidos Domingos Abreu, Divo Guisoni, Olívia Rangel e Bernardo Joffily. 

Mas para que ele dê certo contamos com a  colaboração dos tribuneiros daquela época. Seria importante que nos enviassem alguns dados, tais como: como era feita a distribuição da Tribuna Operária em sua cidade, fábrica ou faculdade; se havia reuniões para discutir as principais matérias e o que as pessoas achavam do jornal; se havia algum tipo de repressão das autoridades; se o jornal ajudou no recrutamento de  militantes para o PCdoB. Também nos interessa a memória visual: fotos de inaugurações de sedes, mutirões de venda, atividades de levantamento de fundos e mesmo de movimentos políticos e sociais cobertos pela Tribuna Operária. Com a participação do maior número de pessoas será possível editar um livro representativo da luta do povo naquele momento importante.

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Domingos de Abreu é jornalista e foi da redação da Tribuna da Luta Operária

Veja aqui coleção do jornal Tribuna Operária