Com um comunicado morno e curioso, o G20 afiança que existirão garantias, que os bancos terão suficiente liquidez e acesso livre ao financiamento. O comunicado foi distribuído após o encontro extra-oficial dos ministros das Finanças e dos presidentes dos bancos centrais do Grupo dos 20, realizado à margem da Assembléia Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), em Washington.

O comunicado deixa várias perguntas sem resposta sobre o objetivo do evento e porque as conversações ocorreram durante o jantar privado. Além de ter sido anotada a situação "frágil" do sistema bancário na União Européia, relata-se que os Estados membros do G20 "darão os passos necessários para estabilizar o setor financeiro". Já os bancos centrais "continuarão apoiando a recuperação da economia mundial".

Ainda, o G20 "promete uma forte e coordenada reação contra a crise" e declara que "está decidido a apoiar o crescimento da economia mundial", enquanto destaca a necessidade "de ser promovida a redução dos déficits por intermédio "de programas de adequação fiscal dignos de crédito".

A elevação do G20 a Estado-Maior Central da economia mundial constituiu a mais característica incorporação do espírito "internacionalista" para enfrentamento da crise. Em antítese com seu antecedente, o G8, o qual concentrava somente as tradicionalmente grandes forças do norte industrial, o G20 desfruta de maior "legalidade" internacional, considerando que inclui em suas hostes economias emergentes.

Porém, mais uma reunião do G20 que procurou criar os ideais de "equilibrada" economia mundial revelou-se uma verdadeiro beco sem saída. A necessidade de criação de um âmbito de combate dos desequilíbrios econômicos mundiais foi constatada por todos. Questões como o combate dos gigantescos desequilíbrios no comércio e no consumo vêm e vão em busca de discussão em todas as reuniões.

Amarra fiscal

Ao que tudo indica, uma mais "equilibrada" economia mundial constituiria a chave para a solução de questões nas quais os continentes podem trabalhar melhor juntos, a fim de conseguir os níveis de crescimento que necessitam. Mas, ainda, não tem sido encontrada a receita mágica para isto e busca-se a "coesão violenta" em um mecanismo com o qual serão contabilizados os equilíbrios da economia mundial, a fim de serem evitadas – em tempo – as crises econômicas.

O G20, criado em 1999, após a crise de 1997-1998 que dissolveu a Ásia e a Rússia, congrega as sete economias mais fortes do mundo (EUA, Japão, Alemanha. Grã-Bretanha, França, Canadá e Itália), junto com as 12 economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, Argentina, México, Austrália, África do Sul, Coréia do Sul, Indonésia, Arábia Saudita e Turquia).

Os EUA atiraram sobre a mesa das conversações a velha – e sempre atual – idéia do grande economista britânico John Maynard Keynes, segundo a qual deverão ser punidos com multas os países que mantêm superávites além de um determinado limite (por exemplo, 4% do Produto Interno Bruto, PIB).

Uma proposta que havia sido recusada pelos poderosos do Mundo Ocidental no dia seguinte ao término da Segunda Guerra Mundial, porque não tinham nenhum motivo de amarrar suas próprias mãos, mas foram obrigados a aceitar hoje, quando sua base produtiva tem sido sensivelmente enfraquecida. Ao contrário, a Alemanha e a China rejeitaram-na.

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Fonte: Monitor Mercantil