Medo, preocupação, nervosismo, incerteza. São palavras utilizadas pelos jornais alemães para descrever a situação que predomina entre os mais altos executivos do setor bancário da Alemanha, quando referem-se às perspectivas do sistema financeiro da Zona do Euro.

"Tudo lembra o outono de 2008", disse Joseph Akkerman, presidente do Deutsche Bank, em entrevista ao mais sério jornal de economia da Alemanha, Hadelsblat – isto é, o outono quando eclodiu a crise mundial.

Anotem que as ações dos bancos da Alemanha, França e demais países integrantes da Zona do Euro (assim como da Grã-Bretanha, embora não esteja incluída na Zona do Euro) sofrem violenta queda de seu valor. Quando colossos bancários da Europa, como Deutsche Bank, cuja ação perdeu 9%, o francês Societe Generale e o britânico Bank of Scotland perderam muito mais, enquanto outros estão abalados, é obvio que a situação está péssima.

Nenhum banco europeu confia em outro para emprestar-lhe no mercado interbancário. Todos preferem depositar seus recursos ao Banco Cetral Europeu (BCE) e sentir-se assim mais seguros. A propósito, os CDS, as taxas de seguro contra risco para o caso de impossibilidade de pagamentos de 25 grandes bancos europeus, atingiram as históricas alturas de 2,65% do total segurado.

Os mais conservadores dos investidores estão temendo tanto perder seus capitais a ponto de retirá-los dos bancos e investi-los em títulos estatais, considerados mais seguros, embora os desempenhos destes papéis tenham despencado a níveis extremamente baixos, quase ao zero, em benefício principalmente do Estado alemão na Zona do Euro. Em abril deste ano, por exemplo, os bônus alemães pagavam taxa de juro de 3,5%, mas há três dias seu desempenho despencou em 1,86% quase a metade.

Pagar para aplicar

A insegurança dos investidores resultou em situações parálogas no mercado dos bônus suíços, considerados os mais seguros do mundo, porque a Suíça não integra a Zona do Euro e, assim, seus títulos não estão sujeitos a riscos externos. Mas as taxas de juros para bônus suíços com prazo de dois anos ficaram negativas! Simbolicamente, sim, mas, negativas: -0,01%.

Isto é, alguém empresta recursos ao estado helvético e, ao invés de ganhar juros por isso, paga algo mais ainda. O investidor tem apenas a segurança de que receberá de volta seus recursos, após dois anos, em uma moeda, no caso o franco suíço, a qual, de qualquer forma, tem valor. Porém, quando os investidores preferem oferecer grátis seus recursos, por dois anos, com única ambição de não perdê-los, a situação torna-se mais do que séria.

"Vivemos a maior crise financeira da história moderna", declara o título de editorial do mais conservador jornal alemão, o Die Welt, referindo-se a declarações de um executivo de administração de capitais de Munique. A extremamente séria queda do indicador alemão DAX, em 28%, de julho deste ano até hoje, multiplica as nuvens negras que predominam nos círculos econômicos da Alemanha.

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Fonte: Monitor Mercantil