In extremis em relação aos prazos, os parceiros da Grécia na Zona do Euro – é quase certo – cobrirão a nova necessidade de financiamento do país, a fim de o Fundo Monetário Internacional (FMI) liberar sua participação total da quinta parcela.

Por uma vez mais, em nome do custo político, será escolhida a opção do mínimo denominador comum, considerando – com toda certeza – que o problema que enfrenta hoje a Grécia será, igualmente, enfrentado amanhã pela Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e outros, isto é, a impossibilidade de retorno aos mercados nas datas previstas.

O grupo de trabalho que está preparando a correspondente proposta para o Eurogroup será – sem sombra de dúvida – uma maioria de condições restritivas, porque todos os componentes do grupo de trabalho terão como prioridade convencer os políticos, seus superiores, e estes, por sua vez, a opinião pública – a qual cultivaram apropriadamente – de que escolheram a fórmula mais barata para os contribuintes.

Trata-se de um cenário que tem sido conformado, repetidamente, no passado na Alemanha. Em nome de uma dura tática de negociação cultiva-se a rejeição da opinião pública e, quando deve ser feita a adequação realista, o custo é muito alto, até proibitivo.

Clássico exemplo é a Convenção de Versalhes após o fim da Primeira Guerra Mundial. Quando foram anunciadas suas – de fato – duras condições, o então chanceler alemão Seideman disse que "a mão que a assinará deverá ficar paralítica". Alguns meses depois, a Convenção foi assinada com o governo alemão pagando multiplicado custo político.

Custo superior – O que – de fato – está acontecendo é perfeitamente claro e visível. O custo político interno da Alemanha, assim como da Finlândia, Áustria e Holanda, não permite o enfrentamento total da crise empréstimo dos países com problemas fiscais em sintonia com garantias e medidas que conformarão a boa ordem fiscal, a perspectiva de crescimento e a reconstituição de credibilidade nos mercados.

Assim, o problema que no início da crise limitava-se à Alemanha tem hoje sido disseminado em um grupo de países que, no âmbito atual, vêem um horizonte sem saída de empréstimo e reempréstimo, com resultado no final estar ameaçada sua capacidade de endividamento como AAA.

O problema do engaiolamento na retórica populista do tipo "não pago" é registrado em estado de paroxismo na Alemanha. Dia após dia torna-se compreensível que a chanceler, “Frau" Angela Merkel, será obrigada a sucumbir à lógica comum, mas com custo final bem superior.

Mas, infelizmente, para a chanceler o modelo de provocação de crise nervosa nos mercados com cenários de dura reestruturação obrigatória, boatos sobre saída da Zona do Euro e uma escolha de alvo que foi adotada no caso da Grécia nos últimos dois meses para, finalmente, ser escolhida – no último momento – a cobertura das necessidades adicionais de empréstimo, uma tática que já atingiu seus limites.

Entretanto, esta constatação provoca preocupações adicionais. Hoje, é impossível uma reviravolta total no governo de Berlim, conforme comprovaram as manipulações do problema da Grécia, assim como a persistência da chanceler na crença de que suas derrotas consecutivas nas eleições regionais se devem no apoio dos problemas do Sul Europeu.

Evitar o dominó da desestabilização na Espanha e na Itália exige a adoção de tudo aquilo que hoje tem custo proibitivo na Alemanha: garantias totais e previsibilidade de longo prazo.

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Fonte: Monitor Mercantil