“Vejo o mundo como é”, havia declarado o presidente Barack Obama, em Oslo, na Noruega, ao receber o Prêmio Nobel da Paz de 2009, que fora-lhe outorgado “por sua pretensão de fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação dos povos”. Havia então superdefendido o direito dos EUA de travarem “guerras justas” com objetivo uma “paz justa”.

Uma doutrina flexível que lhe permite de recrudescer ou não a guerra no Afeganistão, no Paquistão ou no Iraque, até o momento as três principais frentes de guerra imperialistas, assim como abrir – se isto se tornar necessário – tantas frentes, quantas forem necessárias – leia-se possíveis – vestindo sempre a imposição da política imperialista dos EUA com a retórica sobre “cooperação”, “paz” e, “justiça”…

Essencialmente, trata-se de mudança de tática, porque mostra, claramente, disposição de abandonar a doutrina de “ação unilateral” – embora esta permaneça sobre a mesa como solução final – (de Bush Jr.). O motivo da mudança de tática não é outro senão a crise capitalista mundial, que escancarou os limites do “predomínio econômico” dos EUA, desdenhando sua primazia, assim como, o próprio dólar norte-americano como moeda mundial.

Este é, exatamente, o motivo que faz com que torna-se mais impositiva a necessidade para o capital dos EUA alavancar sua agressiva agenda imperialista, também, em cada canto do planeta se for necessário, a fim de garantir o controle das fontes de recursos naturais (principalmente petróleo).

Oriente Médio

Uma grande frente é esta do Oriente Médio, com a guerra no Iraque se destacando, por enquanto. Uma guerra cujo fim proclamou Obama, no final do mês passado, do Salão Oval da Casa Branca, esquecendo-se – por um lapso de memória – a guerra que o Estado de Israel trava contra os palestinos, justificando assim sua recusa de concordar com a criação do Estado da Palestina, além de continuar – por causa disso – recebendo dos EUA bilhões de dólares de “ajuda para combater os terroristas palestinos e ou árabes”.

Um “fim” que “será o fim das operações militares” base essencial do cronograma do governo anterior de Bush Jr., por motivos, principalmente, demagógicos e eleitoreiros, tendo em vista que a queda-de-braço com o Partido Republicano para renovação da metade de membros da Câmara dos Representantes e do Senado, no dia 2 de novembro próximo, assim como de vários governadores e diversos outros “figurões”, torna-se crítica.

Crítica no que diz respeito ao controle do Congresso. Assim, Obama, que supostamente foi eleito para “dar um fim na guerra”, esforça-se para convencer de que cumpre seus compromissos.

Entretanto, em 2 deste mês, quando oficialmente supõe-se que as operações militares foram encerradas no Iraque, permanecem ainda 50 mil soldados, enquanto o número dos mercenários que ficará sob a supervisão do Departamento de Estado será duplicado para 7 mil.

Aliás, em recentes entrevistas que concedeu às redes de TV CBS e CNN, o comandante das forças norte-americanas no Iraque, general Raymond Odierno, não deixou de advertir que “os EUA poderão voltar ao Iraque com unidades de combate sempre que for julgado necessário”. (“Voltarei”, disse o general Mc Arthur quando foi surrado pelos japoneses no Pacífico. Mas voltou depois que os EUA lançaram as duas bombas atômicas sobre o Japão).

Desemprego de 50%

Já os 50 mil soldados que permanecerão desempenhando – como foi dito – “papel educativo, consultivo e auxiliar” (guarnecendo os poços de petróleo, agora transferidos às empresas petrolíferas norte-americanas e britânicas) até ano que vem, naturalmente terão a possibilidade de defender-se e, se for julgado necessário, “cumprirem operações de combate se forem solicitados”.

O que significa? “Se ocorrer total fracasso das forças de segurança” ou se o Exército iraquiano foi dividido por disputas políticas, os EUA poderão voltar ao papel de combate, destacou Odierno, enquanto, em seguida, abriu o jogo, sustentando que, “o Irã não deseja ver o Iraque tornar-se um país estável e democrático. Desejaria ver um governo vulnerável institucionalmente, que não lhe criaria problemas no futuro”.

O terreno é promissor para uma volta “se necessário for” por causa da escalada de violência e dos atentados. Neste fundo, o comandante militar do Iraque, general Boukabir Zebari, do “novo Exército iraquiano”, declarou que suas tropas “não estarão preparadas para defender o país antes de 2020″.

Segundo informa o correspodente da Latino-Americana de Notícias em Bagdá, Falah El Shakir, “o principal personagem da guerra, que tem sido dissimulado com proficiência pelos “conceituados” meios de divulgação internacionais, sinaliza tormentas: o desemprego no Iraque oscila de 25% até 50%”.

“O Parlamento não funciona e o governo não foi ainda definido desde as eleições de março deste ano. Grassa epidemia de doenças mentais e crescem incessantemente e sem controle as favelas. Antes da guerra, o percentual da população que sobrevivia em irregulares bairros às margens das cidades era de 20%; já hoje, atingiu 53%”, continua El Shakir.

“Os assassinatos de pessoas inocentes são cometidos diariamente. E isto é apenas fragmento do quadro de destruição total que causou a guerra imperialista aqui, no Iraque, que, na realidade, seu verdadeiro motivo continua o mesmo: controle e ocupação do riquíssimo em petróleo e gás natural Iraque e sua posição estratégica na região do Golfo Pérsico”.

Irã em 2011

Especificamente agora, quando os planos para se desferir um golpe contra o Irã – bombardeamento de suas instalações nucleares – “saíram da gaveta”, segundo revelou o The New York Times, seguida de entrevista na CNN do almirante norte-americano e ex-araponga da Agência Central de Inteligência (CIA), Mike Hayden, que, sem meias-palavras, confirmou a guerra, destacando que “o ataque por bombardeio era a mais viável opção para o Governo Obama do que havia para o governo de seu antecessor, Bush Jr.”.

Logo após a identificação do “alvo”, seguiu uma publicação do jornal Atlantic Monthly, ampliando bem mais o quadro da guerra, relatando que “considerando a ausência de uma bandeira branca iraniana, o Estado de Israel iniciará, realmente, a guerra contra o Irã, no verão de 2011, fato que, por sua vez, garante que o Irã mergulhará no caos, assim como a região toda será lançada aos ares com consequências imprevisíveis”.

___________________________________________________________________________

Fonte: Monitor Mercantil