A criação de um fundo europeu de quase US$ 1 trilhão para socorrer economias da região em transe foi recebida pelo mercado daquele jeito já enfadonhamente conhecido. Ao pânico inexplicável sucede uma euforia idem.

Ainda não dá para saber quanto tempo demorará a trégua. Mas já dá para saber que ela será usada na recomposição provisória dos ativos e portfólios. Na nova onda de liquidez que jorrará da operação tapa-buraco, destinos como o do mercado brasileiro podem voltar a atrair os capitais voláteis. É possível que não dê nem para falar em marolinha.

O problema das operações tapa-buraco é que as ondulações nas pistas logo reaparecem – às vezes ampliadas. Sem o conserto da estrutura do piso, os veículos voltam a sacolejar, trepidar e quebrar suspensões.

Essa reforma estrutural exigirá uma coordenação monetária e uma supervisão fiscal além das fronteiras nacionais que a zona do euro sempre relutou em abraçar. A ver, então, se, agora, quando se deixou a buraqueira ir longe demais, a União Européia fará por completo jus ao nome. Ou se, daqui a pouco, será um dramático cada um por si.

__________________________________________________________________

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo