Iniciativa das direções locais de PCdoB, PT, PSOL e Consulta Popular, a região de Jabaquara/Cidade Ademar recebeu importantes lideranças ontem (22) para o debate “Por um Fórum de Esquerda”. Os palestrantes foram Jamil Murad (PCdoB), Breno Altman (PT), Gilberto Maringoni (PSOL) e Ronaldo Pagoto (CP). Também prestigiaram o debate Elder Vieira e Wander Geraldo, sub-prefeito e chefe de gabinete da subprefeitura do Jabaquara, além de dezenas de lideranças do movimento social.

O objetivo da atividade, que deve se espalhar por outras áreas de São Paulo, é analisar a situação política do país, os impasses e dilemas ora vividos pelas forças progressistas, buscar a unidade para frear a ofensiva conservadora e retomar a iniciativa política.

Defesa da Democracia e legalidade constitucional

Na análise de Breno Altman, a principal contradição da atualidade brasileira é a democrática. Segundo o petista, “está em questão hoje a própria soberania popular” expressa na recente eleição da presidenta Dilma Roussef, “seja por ameaças de impeachment, seja pela tentativa de “sequestro” da autoridade presidencial pelo Congresso”.

O dirigente comunista Jamil Murad lembrou a história de investidas contra governos populares no Brasil e propôs a formação de uma frente ampla, patriótica, que una setores diversos contra as ameaças reacionárias. “A unidade e mobilização de todos deve vir pela defesa da democracia e do mandato constitucional de Dilma, além da defesa da Petrobrás e do regime de partilha. Também é importante levantar a bandeira dos direitos dos trabalhadores contra projetos como o da terceirização (PL 4330) e pelo combate à corrupção, através do fim do financiamento empresarial nas campanhas políticas”.

Ex-candidato ao governo pelo PSOL, Maringoni se colocou contrário às tentativas de impeachment, contudo, cobrou do governo os compromissos assumidos na eleição e responsabilizou suas medidas iniciais pela apatia na base social do mesmo. “Queremos fazer uma frente, mas uma frente com pontos bem concretos no veto presidencial ao PL 4330 e contra o ajuste fiscal”, assinalou.

Já Ronaldo Pagoto sublinhou o compromisso em defender o projeto nacional e popular de quaisquer tentativas golpistas, mas apontou que a situação de crise política não deve imobilizar os movimentos sociais em suas legítimas reivindicações e defendeu a realização de uma constituinte exclusiva para a reforma política.

Contra o PL 4330 e a retirada de direitos

Em meio ao debate, foi recebida com a indignação a notícia da aprovação, na Câmara dos Deputados, do projeto que libera as terceirizações, o PL 4330. Tal ataque aos direitos trabalhistas, que agora segue para análise no Senado, pode pôr abaixo as conquistas consagradas desde o governo Getúlio Vargas.

A luta contra este retrocesso une todos os setores da esquerda e as camadas progressistas da sociedade. Malgrado a derrota sofrida, o placar apertado da votação (230 X 203) mostra que a mobilização das centrais sindicais e movimentos contra o PL forçou a mudança de posição de partidos e deputados, alimentando a esperança de derrubada da medida no Senado.

Buscar a unidade e a mobilização

A efervescência política tem reavivado a militância a se engajar nas manifestações de rua e nos embates políticos e ideológicos. Por isso, iniciativas de debates como este devem ser replicadas em todos os lugares.

Segundo Alexandre Prestes, presidente do distrital do PCdoB Cidade Ademar/Jabaquara, “o evento chamado pelos partidos de esquerda da região marca a construção de um espaço de debate sobre a conjuntura nacional, um canal de interlocução da esquerda em defesa da democracia, da soberania e contra o golpe. É importante buscar pontos de unidade mesmo em meio às divergências que temos. Trazer à realidade local a luta de ideias, dos movimentos sociais consequentes e dos blocos progressistas deve ser uma tarefa para mobilizar a sociedade contra o retrocesso e por mais direitos para o povo”.