Nesta quarta-feira (22), o PCdoB reafirmou seu compromisso em defesa dos direitos dos trabalhadores e da democracia durante comemoração dos 95 anos da legenda. No ato, realizado na Câmara dos Deputados, a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), resgatou o papel do partido na luta e nas conquistas do povo brasileiro – atualmente ameaçados pela agenda de reformas do governo de Michel Temer. Confira a cobertura fotográfica do evento.

“O PCdoB faz um chamado para se construir uma convergência de forças em defesa da democracia, do Estado democrático de direito e do fortalecimento da política como legítimo instrumento de mediação dos conflitos e diferenças existentes na sociedade”, pontuou.

De acordo com a parlamentar, é necessário construir saídas para o Brasil, visto que as comemorações dos 95 anos da legenda se dão num cenário político adverso, após um impeachment sem base legal e com uma agenda neoliberal sendo empurrada goela abaixo da população.

“Acreditamos que, diante do desmonte do Estado nacional, da desindustrialização e do desmonte de setores estratégicos de nossa economia, se faz necessário renovar um projeto de país, baseado em uma ampla aliança em defesa do desenvolvimento. O povo tem ânsia de esperanças por saídas para a crise. E o PCdoB tem propostas para a saída da crise. Governa o Maranhão, onde Flávio Dino vem realizando uma profunda transformação social. Em Aracaju, Sergipe, o prefeito do PCdoB, Edvaldo Nogueira, vem resgatando a qualidade de vida da cidade”, afirmou.

A gestão comunista no Maranhão também foi exaltada por outros parlamentares, como Waldir Maranhão (PP) e Alessandro Molon (Rede-RJ).

“A profunda transformação social que o PCdoB está fazendo no Maranhão é uma mostra do bem que o partido poderia fazer pelo Brasil”, exaltou Molon.

Desde que assumiu o governo do estado, Flávio Dino aumentou o salário dos professores, entregou obras paralisadas, implantou programas sociais para alfabetização de adultos, compra de material escolar e uniformes para estudantes do ensino público, abertura de hospitais, contratação de policiais, entre outras medidas.

Deputados e senadores de partidos como o PT, PSol, PDT, DEM, PP também exaltaram a importância dos comunistas na história do país.

Líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou a aliança entre PT, PCdoB e PDT para o enfrentamento das pautas neoliberais. Para ele, a histórica parceria com os comunistas resultou em importantes conquistas.

“Penso, que, sem o PCdoB, dificilmente Lula teria sido eleito duas vezes. E agora, só derrotaremos esse governo ilegítimo e essas reformas se tivermos todos juntos e a juventude nas ruas. O golpe foi dado para suprimir direitos, mas vamos lutar para impedir que isso aconteça”, disse.

Para o presidente do PDT, Carlos Lupi, a hora é de radicalizar. “O Brasil vive um golpe branco, de brancos, para os brancos e para a elite. Mais do que nunca precisamos radicalizar. O que está em discussão, mais do que nunca, é uma luta ideológica. Essa gente quer ver nosso extermínio, mas não vamos permitir”, disse o dirigente do PDT.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Alice Portugal (BA), lembrou que “nos momentos de dificuldade, o partido se agiganta e propõe saídas”.

O ato contou ainda com a participação da Bancada Comunista na Câmara, de militantes do PCdoB, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da presidente da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, da líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin, da deputada Luiza Erundina (PSol-SP), do presidente da Fundação Mauricio Grabois, Renato Rabelo, do líder do PSol, Glauber Braga, do 4º secretário da Mesa, Rômulo Gouveia (PSD-PB), do líder do PDT, deputado Weverton Rocha (MA), do líder do PT, Carlos Zarattini (SP), do governador da Bahia, Rui Costa, do ex-ministro Jaques Wagner, do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), de embaixadores de países amigos, entre outras autoridades.


 

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DA PRESIDENTA NACIONAL DO PCDOB, DEPUTADA FEDERAL LUCIANA SANTOS (PE):

O PCdoB é força indispensável para a democracia brasileira 

Pronunciamento da presidenta nacional do PCdoB, deputada federal, Luciana Santos, em sessão solene da Câmara de Deputados em homenagem aos 95 anos do Partido Comunista do Brasil. 

Excelentíssimo presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia;

Ilustres deputados, senadores e autoridades presentes;

Combativa bancada comunista da Câmara e do Senado;

Estimados dirigentes e militantes do glorioso Partido Comunista do Brasil. 

O Partido Comunista do Brasil, fundado em 25 de março de 1922, é o partido político mais antigo do Brasil. Em seus 95 anos, esteve presente nos principais acontecimentos políticos ocorridos no país. Sua história se entrelaça com as lutas do povo brasileiro por direitos sociais e econômicos e pela defesa da soberania nacional.

Seu surgimento é resultado de uma conjugação de fatores, internos e externos, entre eles as transformações na sociedade brasileira, a formação da nossa classe trabalhadora, a expansão de suas lutas e o impacto internacional dos ideais da Revolução Russa de 1917, que neste ano completa cem anos. Sua organização representou o hasteamento da bandeira do socialismo, e um salto de qualidade na organização e na atuação político institucional dos trabalhadores. 

Estimadas autoridades,

Neste quase um século de existência, sempre que a democracia foi ferida, o PCdoB pagou um alto preço, sempre que a democracia foi maculada o Brasil sofreu consequências profundas.

É grande o elenco de lideranças de nosso Partido que integra a galeria dos heróis e heroínas de nosso povo, que tombaram em nome dos interesses da Nação e dos trabalhadores. Chegamos aos 95 anos e já miramos o centenário, graças ao trabalho de várias gerações de revolucionários, de revolucionárias. Homenageio essas gerações citando quatro grandes lideranças: Astrojildo Pereira, Luiz Carlos Prestes, João Amazonas e Renato Rabelo.

A longevidade do PCdoB, numa definição, se deve ao esforço de apreender a interpretação correta do sentimento popular e nacional. São inúmeras as contribuições dos comunistas na construção do Brasil. Elas se deram nas artes, na arquitetura, nas ciências, no esforço de projetar ideias, pensar os desafios do país e sua gente.

É um partido que, ao longo dos anos, construiu uma visão abrangente e madura sobre o Brasil, sintetizada em seu programa, que aponta para a necessidade de constituirmos um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, rumo estratégico para a construção de um socialismo de feições contemporâneas no Brasil.

Ao mesmo tempo, os comunistas sempre estiveram entrelaçados à luta do povo, seja na busca por conquistas como os direitos trabalhistas, em campanhas como “O Petróleo é Nosso!”, seja na formação da Força Expedicionária Brasileira, na luta pelas liberdades democráticas com a campanha das Diretas Já, seja em tantas outras. Inúmeras de suas lideranças atuam hoje no movimento sindical, estudantil, de mulheres, de luta contra preconceitos, sempre fazendo a defesa dos direitos econômicos e sociais.

A ação parlamentar do PCdoB – sempre se pautando pela defesa da emancipação nacional, pela defesa da democracia e do progresso social – vem desde a década de 1920 e passa pela nossa gloriosa bancada constituinte de 1946, e de 1988. E hoje nossa representação nas duas Casas do Congresso Nacional é liderada por duas mulheres: a deputada Alice Portugal e a senadora Vanessa Grazziotin.

Temos com muito orgulho entre nossas fileiras o ex-presidente desta Casa, Aldo Rebelo, que, naquela quadra delicada da vida política do país, soube conduzir a Câmara dos Deputados com firmeza e serenidade e tendo como sua bússola o compromisso maior com o Brasil e o respeito político a todas as bancadas representadas neste parlamento. 

O PCdoB é um partido de ideias e ação. Governa o Maranhão, estado em que o governador Flávio Dino vem realizando uma profunda transformação social. Em Aracaju, Sergipe, o prefeito do PCdoB, nosso querido Edvaldo Nogueira, vem resgatando a qualidade de vida da cidade.

Este longo percurso permitiu ao PCdoB forjar laços profundos com o povo brasileiro.

Estimados parlamentares, pode-se discordar do PCdoB, mas não se pode negar que se trata de um partido que, com sua visão, contribui para o enriquecimento do debate sobre os rumos do país. 

Estimadas autoridades presentes, ilustríssimos deputados e senadores,

As celebrações dos 95 anos do PCdoB ocorrem em um momento de uma gravidade singular na história política recente. A realização de um processo de impeachment, sem base legal, e com o único intuito de produzir um atalho para chegar ao poder, agravou o contexto político, econômico e institucional. Dita crise colocou o país em uma encruzilhada histórica que põe em risco a própria Nação.

Senhoras deputadas, senhores senadores, o Brasil necessita de uma frente ampla em defesa da democracia.

O PCdoB faz um chamado para se construir uma convergência de forças em defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e do fortalecimento da política como legítimo instrumento de mediação dos conflitos e diferenças existentes na sociedade.

É necessário que se respeite o poder soberano do povo, expresso no voto, nos fundamentos democráticos da Constituição, bem como as garantias legais, os direitos sociais e civis e os interesses nacionais.

Sempre defendemos o combate implacável à corrupção, sem seletividade, sem desvirtuação de objetivos. O combate à corrupção não deve servir para desconstruir o ordenamento institucional democrático, não deve incidir para tencionar ou mesmo quebrar equilíbrio entre os Poderes. Não deve servir para destruir ativos econômicos estratégicos e empresas competitivas no mercado global, pois as consequências são mais desemprego e mais recessão.

Fazemos firme e consequente oposição à agenda antinacional, antidemocrática e antipopular em curso no país. O governo Temer não possui legitimidade para conduzir qualquer agenda no país. As propostas que ele busca impulsionar, de redução de direitos e desmonte do Estado, da abertura indiscriminada ao capital externo, trazem consequências gravíssimas para o Brasil.

É necessário construir saídas para o Brasil.

Acreditamos que, diante do desmonte do Estado nacional, da desindustrialização e do desmonte de setores estratégicos de nossa economia, se faz necessário renovar um projeto de país, baseado em uma ampla aliança em defesa do desenvolvimento. 

O povo tem ânsia de esperanças por saídas para a crise.

Está na ordem do dia a formação de uma plataforma que estabeleça indicações para o enfrentamento da crise, que contribua para a renovação dos caminhos para a construção de uma nação soberana, desenvolvida econômica e socialmente, plural e democrática.

Esta é a mensagem principal que o Partido Comunista do Brasil deseja deixar registrada nesta sessão solene que homenageia seus 95 anos de existência.

A saída para a crise política e institucional não é a restrição à democracia. Não é a negação da política e da pluralidade de opiniões. O Brasil precisa ampliar a representação e a participação política do povo. E para isso são indispensáveis o fortalecimento dos partidos políticos e a liberdade de organização partidária.

A proposta de reforma política aprovada no Senado põe em risco o princípio do pluralismo político assegurado na Constituição, exclui legendas democráticas, entre elas, o PCdoB, corrente política e ideológica quase secular.

Valorizamos o papel do parlamento na busca de saídas políticas, de mediações das diferenças existentes na sociedade. É por isto que, apesar de todos os percalços vividos no último período, a Câmara de Deputados, o Senado Federal continuam sendo um valioso espaço democrático, de luta de ideias e projetos de país. O Poder Legislativo, diante desta grave crise, não pode abrir mão deste aspecto que o caracteriza como espaço da pluralidade de ideias, e centro mediador de posições e visões sobre o Brasil.

Estimados parlamentares, autoridades presentes, 

A diversidade e a pluralidade de ideias que existem na sociedade devem estar presentes no parlamento, são a força do debate de projetos, de ideias e visões que fazem o Brasil avançar.

O PCdoB defende que se faça uma reforma política democrática que eleve o papel do parlamento e o papel da política. Uma proposta que englobe a proibição do financiamento empresarial para campanhas eleitorais, a instituição do financiamento público e a votação proporcional, ampliando os meios de participação das mulheres e dos trabalhadores na vida política do país.

Estimados convidados presentes nesta sessão solene, com a presença que muito nos honra, finalizo esta breve intervenção afirmando que somente com a união de vastas forças – comprometidas com a democracia e com os avanços sociais, com clareza de objetivos, de rumos em torno da questão nacional – é que iremos superar a grave encruzilhada na qual o Brasil se encontra.

O PCdoB tem propostas para a saída da crise. E está disposto a debatê-las com outras forças políticas e outros setores vitais da sociedade, buscando caminhos para a instituição de um novo ciclo de desenvolvimento e progresso social, com democracia e soberania.

O motivo que inspirou os onze delegados presentes no Congresso de fundação do Partido Comunista do Brasil, há 95 anos, e inspirou nossa trajetória de luta por emancipação nacional, pelo desenvolvimento, pelos direitos e o progresso social, continua o mesmo. Empunhando alto a bandeira do socialismo, celebramos os 95 anos de luta do PCdoB!

A democracia é imprescindível para o Brasil!

O Brasil é imprescindível para a democracia brasileira!

Viva o PCdoB e seus 95 anos em defesa do socialismo, do Brasil e de sua gente!

Firme na Luta!