Os sobreviventes

Quando todos imaginavam a vida sem sentido


chegaram de manhã os sobreviventes,


e levantaram suas moradas, estiveram no rio,


procuravam o rebanho disperso, preparavam


o alimento, cantavam, derramavam


o suor nos campos, faziam fogo à noite


rememoravam o corpo de suas mulheres,


despachavam os barcos, pela manhã.


As chuvas eram sempre bem-vindas,


as chuvas levantavam o pó da terra


e enchiam de confiança a face da vida.


As mulheres viam nascer dentro de si


um novo rebento, os seus ventres cresciam.


Nenhum sinal de confiança quando as mulheres


apareciam de ventre crescido.


Os dias eram os mesmos, a esperança


e a desesperança eram as mesmas.

 

 

 

José Godoy Garcia