Duas Almas

 

 

Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada…

 


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A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.

 


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E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!

 


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Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua…
Hás de levar contigo uma saudade minha…

 

 

 

Alceu Wamosy – Livro dos Poemas – organização Sergio Faraco