Eis-me confuso e fragilizado
Entre o certo e o errado
Entre o sim e o não
Da ética ou dialética do amor
Onde não há um só pecado
Que sobreviva ao perdão

Não quero ser passado
Não quero ser lavado
Mas pelo presente levado
Hipnotizado e manchado
Com a marca do amor impuro
Da mais louca paixão

Nas esquinas da cidade
A sensibilidade me invade
E com um aperto no peito
Pelos poros choro e falo em vão
Mas fico mudo no leito
Onde velo a morte da razão

Razão que afasta e reprime
Paixão que atrai e liberta
Instável e contraditório equilíbrio
Entre linhas-retas de vidas paralelas
Próximas mas eqüidistantes 

Subvertendo a geometria euclidiana
Na dúvida prefiro a infinitude mundana
Do ponto – ainda que – de efêmera fusão
Ao teórico encontro no infinito
Ou em qualquer outra dimensão

É nesse ponto em que nos atamos
Nos encontramos e embolamos
Onde nos despimos e descobrimos
O sentido das curvas mais belas
E onde nós nos fundimos
Como nós em paralelas

 

Eugênio Rezende é professor de História da Universidade Federal de Goiás